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Reportagem: Resurrection Fest @ Viveiro, Espanha - 29.06.2022 | Dia 1


Na normalidade pós-Covid, continua a haver espaço para o Resurrection Fest. Dia de recepção ao campista, cada vez mais um dia como todos os outros. Essencialmente centrado no Main Stage o dia teve em Bolu2 Death e Onza as bandas de arranque. Ambas espanholas, naturalmente.
No segundo palco, o Ritual Stage, actuavam DJs, para colmatar o espaço entre bandas. DJs e não só, pois neste palco houve também espaço para música pimba portuguesa e alguma pastilha internacional. 

A razão disso era lusa: Serrabulho. A banda de Trás-os-Montes estabeleceu aqui a sua rave party de grind & love. Um gaiteiro, um super zé povinho, ou lá o que era, e duas majoretes, serviram de entretenimento. A isso houve também que juntar as bolas e insufláveis, numa festa em que os quatro músicos participaram com os seus temas. Em pleno destaque, o vocalista Tocá, completamente dividido entre o palco e o público. Provavelmente passou mais tempo na festa entre os espectadores, que em palco com os colegas. Um concerto brutal em termos de animação, deixando muitas expectativas para a sua passagem pelo Vagos. 

Depois de Serrabulho, o palco principal arrancava com as bandas “mais sérias”. E arrancou bem, com os escoceses Bleed From Within a trazerem à mente que este festival é bom terreno para as bandas de metalcore e deathcore, ou variantes. Os quatro músicos estão longe de inventar a roda, preferindo antes injectar combustível numa máquina promissora. Perto de uma dezena de temas que terminaram com o vocalista na multidão, de pé, erguido pelo próprio público. Um excelente momento.

Já os neo-zelandeses Alien Weaponry foram mornos. Após um par de músicas, percebia-se que o metal musculado, com vertente core, praticado pelos quatro músicos, facilmente se esgotava, sem apelar a muito mais. A banda onde estão os irmãos Henry e Lewis de Jong, não se furtou a deixar marcas que mostrassem a sua referência tribal, mas passada a surpresa, pouco mais ficou que isso.
Quase todas as bandas possuem uma validade e tempo de vida. É isso que as separa das bandas maiores, as incontornáveis. 

Bullet For My Valentine pode ter boas malhas e serem agradáveis ao ouvido. Inovadores, tiveram o seu passado. O problema é que depois a sua fórmula foi explorada e eles ficaram para trás. O concerto foi próprio de bandas veteranas que já pouco oferecem de novo e servem apenas para matar saudades ou preencher bucket lists. Foi o que aconteceu nesta noite, a que a chuva não ajudou, deixando todos enregelados e com pouca vontade de continuar.
O argumento para permanecer no espaço, era Deftones. Ou melhor Chino Moreno. E o concerto foi bom. 

Os músicos fizeram as suas partes. O público, esse, estava demasiado frio para o habitual no Resu. E Chino não mostrou convicção suficiente para o aquecer. Ainda meteu alguma ironia, como um “good morning”, quase a meio da atuação, ou um “sing” para pedir que cantassem em coro um dos seus temas. A reação do público existia, apenas por segundos e rapidamente esmorecia. Faltou algo nesta atuação, e não foi música ou canções, porque essas estavam lá.


Texto e fotografias por Freebird
Agradecimentos: Resurrection Fest