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High Spirits - “Safe on the Other Side” Review


A ascensão do movimento grunge teve para o bem ou para o mal um enorme impacto nas letras e na atitude dos músicos de hard ‘n’ heavy na generalidade. Passamos do oitenta para o oito mais rapidamente que os músicos conseguiram limpar a base da cara. deixou de ser porreiro falar sobre mulheres, bebedeiras, guiar carros rápidos e ter uma atitude displicente para com a sociedade em geral.

Ainda assim, não deixa de esboçar um sorriso de escarnio quando vejo à venda, coletâneas de Nirvana com letras douradas, ou quando é editada uma versão especial limitada em vários formatos (como tem sido apanágio das editoras) do Vs. dos Pearl Jam. Como diz a sabedoria popular “olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço”.

Felizmente nos últimos anos várias bandas com mensagens mais positivas têm vindo paulatinamente a apresentar o seu trabalho. No fundo elas nunca desapareceram, existe um culto em torno das bandas de Glam da Sunset Strip, que nos fãs mas acérrimos nunca se esvaneceu. 

Embora não seja glam (podem sossegar os corações mais periclitantes) este trabalho de hard ‘n’ heavy, que é o quinto longa duração deste projeto criado por Chris Black (Em estúdio este músico encarrega-se de todos os instrumentos e vozes, contando apenas com outros músicos para as atuações ao vivo), é de um disco que preconiza uma mensagem positiva, com riffs de guitarra abertos e coros fáceis, para cantarolar num ambiente de atuação ao vivo.

Este é um disco mais cadenciado que os anteriores tendo mais temas com um compasso mais lento (mid-tempo), mas isso não é um fator que retire a qualidade ao mesmo, apenas o torna mais unidimensional, quando escutado de uma assentada.

O facto de ser Chris a gravar todos os instrumentos e vozes também acaba por tornar o álbum menos dinâmico, mesmo com o trabalho sempre excelente de Dan Swano na mesa de mistura. Não obstante essa questão, é de louvar a prestação do músico, ao assumir toda a instrumentação.

A capa do disco apresenta um labirinto, que de acordo com o líder deste projeto está aberta para interpretação, da mesma maneira que cada um de nós pode interpretar a letra de Jawbreaker dos Judas Priest da maneira que mais lhe aprouver.

Estamos perante um disco leve, despreocupado, que não requer muita da nossa concentração cognitiva para o perceber, mas que serve efetivamente para tirar o peso da responsabilidade do nosso dia-a-dia dos nossos ombros, nem que seja apenas por quarenta minutos. 

Nota: 7/10

Review por Nuno Babo