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Reportagem: Massacre Metal Fest @ U.D.C.A. Adoslouquense, Vila Franca de Xira – 04.05.2024



Oitava edição de um festival que se faz, na maioria das vezes, apenas com música nacional. Foi o que aconteceu neste ano, com os Filii Nigrantium Infernalium a encabeçarem um cartaz onde se encontravam outras bandas com créditos firmados no nosso panorama musical, e ainda outras, que o começam agora a querer fazer. Independentemente disso, a qualidade esteve sempre presente nesta autêntica maratona que teve início às 17h00, para apenas terminar pelas 01h30.

Eram oito as bandas com nome na edição deste ano e coube aos Legacy Of Payne serem os primeiros a entrar em palco. Após se terem estreado ao vivo em janeiro deste ano, o quinteto ribatejano tem estado muito ativo em matéria de concertos e este foi mais um exemplo disso mesmo. Thrash Metal com a dose certa de melodia e temas que começam a ficar conhecidos, tais como “Burn them Down” e “Reign of Death”. Boa atuação, pese embora o problema que afetou uma das guitarras.
Foram a última banda a ser a convidada para esta edição e tiveram a responsabilidade de substituir os Toxic Attack, que se viram impossibilitados de estar presentes. 

Com os Warout, a festa continuou a fazer-se ao som de thrash metal e ao segundo tema já estava criado um mosh pit, ainda que tenha sido interrompido pela falha na corrente elétrica que se registou. A banda de Lordelo/Paredes deu um bom concerto, tocando temas do seu álbum Thrash Attack e ainda uma cover dos Metallica, “Whiplash”.

Seguiram-se os Dolmen Gate que tinham lançado o seu álbum, Gateways Of Eternity há seis dias atrás. Tudo alinhado então, para escutarmos os temas desse trabalho de heavy metal épico, se bem que as músicas que também constam no E.P. Finis Imperii marcassem presença no alinhamento desta tarde/noite, como foi o caso de “Rest in Flames”, que pôs fim à atuação da única banda com um elemento feminino – a vocalista Ana - na edição deste ano.

O ritmo voltou a subir com os Nagasaki Sunrise e o seu thrash com nuances punk. Muita energia em palco - e fora dele - com o vocalista “Gasolizna” a ceder o seu microfone a elementos do público por diversas vezes. Os temas inspirados em cenários bélicos orientais agradou aos presentes, com destaque para “Eat Me Alive” e “Kommando” do álbum Distalgia, se bem que para o final estava guardada “Turn on the Power” do E.P.com o mesmo nome, lançado em 2020. Um pequeno senão relacionado com o som, que por vezes perdia definição aquando dos solos de guitarra.

São a banda com mais presenças neste festival, o que é natural, pois são eles que o organizam. Nada que incomode quem assiste, afinal, os Speedemon são uma grande banda, com um grande som e é sempre com enorme prazer que assistimos aos seus concertos. Hellcome, de 2019 é uma autêntica caixinha de malhas e continua a fornecer a quase totalidade dos temas para a atuação dos speed thrashers de Vila Franca de Xira. Os cortes de energia que já referimos continuaram a dar-se e na altura de fazer sacrifícios para recuperar tempo perdido, coube aos Speedemon voluntariarem-se, encurtando assim o seu set. Deu para ouvir “Words of Fire”, do tão aguardado novo álbum que sabemos agora, será lançado em agosto deste ano.

Após um mês em digressão fora do nosso país, foi com muito agrado que os Toxikull encontraram uma sala tão bem composta para assistir ao seu concerto. Esta banda transpira heavy metal clássico dos anos 89 e 90 e o novo álbum, Under the Southern Light é mais uma prova disso mesmo. Após um início feito com “Cursed and Punished”, a banda não mais largou os dois últimos trabalhos e temas como “Battle Dogs”, “I Will Rock Again”, mas sobretudo “Metal Defender” - que é um hino ao heavy metal – fizeram as delícias de quem assistia. Na ponta final houve ainda tempo para homenagear Lemmy e os seus Motorhead através de “Iron Fist”.

A banda com som mais agressivo desta edição veio do Norte e chama-se Holocausto Canibal. Conhecidos pelos seus temas curtos, diretos e brutais, o quarteto do Porto teve uma atuação à sua imagem, conseguindo um circle pit que soube manter em movimento do primeiro ao último tema. Concerto bastante enérgico, onde se destacou “Violada Pela Motosserra” – já um clássico -, incluída num dos últimos blocos de temas que o vocalista ia anunciando. O concerto dos Holocausto Canibal terminou com R. Orca dentro do circle pit, enquanto cantava o último tema da atuação da sua banda.

Coube aos Filii Nigrantium Infernalium o privilégio de encerrar esta oitava edição do Massacre Metal Fest. Estando à altura dessa tarefa, os Filii apresentaram uma setlist com alguns dos seus melhores temas. “Sacra Morte” deu início a uma viagem que não é recomendada a quem faça as suas orações todas as noites antes de se deitar. O gozo acerca de temas religiosos é um dos fortes da banda de Belathauzer, o outro é o black thrash n´roll que a banda pratica e que tem vindo a conquistar cada vez mais apreciadores. “A Forca de Deus” não podia faltar num concerto de 70 minutos, que teve ainda pelo meio músicas como “Matéria Negra” e “Vermes de Guerra” que tudo apontava vir a ser a última da noite. O público exigiu mais e foi recompensado com “Abadia do Fogo Negro”. Esta sim, pôs um ponto final na sua atuação e neste evento. 
Foi uma das edições com maior presença de público, o que é sempre de salutar. O menos bom foram mesmo as interrupções que ocorreram por falha de energia elétrica, algo que a organização vai, certamente, corrigir para que não se verifique nos próximos Massacre Metal Fest.


Texto por António Rodrigues
Fotografia por Paulo Jorge Pereira
Agradecimentos: Massacre Metal Fest