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Reportagem: Yes @ Sagres Campo Pequeno, Lisboa – 30.04.2024


A pandemia impediu que os Yes nos visitassem em 2020. Agora, quatro anos depois, eis que os pioneiros do rock progressivo regressaram ao nosso país, numa digressão que não engana ninguém. Atentem no nome: The Classic Tales Of Yes Tour 2024. Sim, foi isso mesmo. Uma autêntica visita guiada aos maiores êxitos da banda. 

Muito longe da formação clássica - que não deixa por isso de contar com a lenda viva, Steve Howe na guitarra -, estes Yes são todos eles músicos de excelência. Outra coisa não seria de esperar desta banda britânica. Quanto à duração do espetáculo, se alguém pensou que poderia eventualmente ser curto, posso referir que não houve sequer banda de abertura, ou seja, os Yes estavam perfeitamente preparados para nos entreterem nesta véspera de feriado e para isso não precisaram de ajuda. Mas vamos ao concerto.

O recinto não estava cheio, mas encontrava-se bem composto. Público das mais variadíssimas idades onde se viam inúmeros pais com filhos e até avôs com netos. São mais de 55 anos de atividade, ou seja, várias gerações de fãs. 
A banda entrou em palco sob fortes aplausos, ao som de uma intro para começar o seu concerto com “Machine Messiah” que levou logo todo o recinto ao distante ano de 1980 e ao álbum Drama. Este tema foi praticamente cantado a duas vozes, com o baixista Billy Sherwood a juntar-se ao vocalista Jon Davison nessa tarefa. “Going for the One” foi tocada com uma slide guitar, por Steve Howe, para logo a seguir, na primeira pausa do concerto, ele próprio nos dizer que a guitarra que tinha agora com ele (guitarra portuguesa) lhe fora oferecida pela irmã há muitos anos atrás e que só muito tempo depois ele descobriu a sua origem. Foi com ela que interpretou “I´ve Seen All Good People”. Houve espaço ainda para um tema escrito por Paul Simon, “America” e um outro – “Don´t Kill the Whale” - que, segundo Steve, mostra a preocupação que os Yes já em 1978 demonstravam pelo nosso planeta. A banda tocou ainda “Turn of the Century” e após isto deixou o palco enquanto as luzes da sala se acendiam. Estava tudo estupefacto e até eu me assustei, confesso. Teria já terminado? Após terem deixado todo o público em suspenso por um período que pareceu uma eternidade, eis que alguém da organização se apoderou do microfone para dizer que se tratava apenas de um intervalo e que os Yes tinham preparada uma segunda parte para logo a seguir.

E que segunda parte. Foi onde pudemos ouvir “Cut From the Stars”, do novo álbum Mirror To The Sky, mas sobretudo um medley com excertos de temas de Tales From Topographic Oceans que foi simplesmente maravilhoso e parecia ser o ponto final do concerto, pois os Yes abandonaram novamente o palco. Não foi preciso esperar muito. Todo o recinto chamava pela banda britânica e eis que ela regressa para “Roundabout” e “Starship Trooper”, esta sim, última da noite.

Mesmo excluindo os vinte minutos de intervalo, estamos a falar de um concerto de mais de duas horas, o que não é nada mau. De lamentar apenas que “Owner of a Lonely Heart” tenha ficado de fora, mas perante tantos êxitos, alguns tiveram obrigatoriamente de ser sacrificados.


Texto por António Rodrigues
Fotografias por Paulo Jorge Pereira
Agradecimentos: Everything Is New