Um dos meus passatempos preferidos quando navego na Internet é ver listas de lançamentos, sejam eles subestimados, mal compreendidos ou simplesmente esquecidos. Ora aí está a prova que navegar ‘online’, pode ser uma atividade lúdica e com alguma relevância. Os top 10, 20, 30, 40 ou 50, eu vejo isso tudo e o algoritmo da Google, já me conhece melhor do que eu a mim mesmo e já me sugere imensas listagens no meu feed.
Este lançamento em específico estava numa lista de álbuns que “quebram barreiras entre géneros”. Sendo eu um fã acérrimo de bandas mais experimentais e periféricas, a minha curiosidade foi despertada.
Entre os lançamentos havia bandas da moda como os Imperial Triumphant ou Deafhaven, algumas tentativas pouco originais e bastante derivativos de soar a metal alternativo e experimental. Com os riffs cheios de reverberação, para assim soaram melhor, numa artimanha que já se revela cansativa e inconsequente há vários anos.
Depois havia este álbum, com o mesmo título do álbum de 1999 dos WASP, que me captou a imaginação com o trabalho gráfico, que mostrava um cowboy a montar um cavalo. Mas era um cowboy similar ao de Ghost Rider, não o que um filme de John Wayne.
Com uma indumentária que apresenta uma mescla entre um conjunto de mariachis e uma banda de rockabily, efetivamente não sabia o que me esperava.
Pensei que seria uma cópia ou pelo menos uma aproximação aos supracitados WASP, mas na realidade o que encontrei é infinitamente mais sui generis.Embora tenham uma atitude desafiadora com a banda de Blackie e companhia, estes senhores deambulam por paisagens sonoras muito distintas.
Conseguem combinar Americana, Thrash Metal, Hardcore e uma pitada de Southern Rock numa descarga coesa de 28 minutos e 28 segundos, distribuídos por 10 temas. Imaginem se os Metallica tivessem conseguido este feito com o Load e o Reload, se não tivessem desligado o microfone da tarola durante as gravações do St. Anger, se não tivessem gravado um álbum com o Lou Reed, enfim já divago do tópico.
Em alguns momentos a soarem a Willie Nelson, noutro a soarem com uma banda de tributo a Slayer, que faz versões Country dos temas destes lendários senhores (que já se deveriam ter reformado, mas por questões económicas continuam a voltar, assim como o Ozzy).
Uma descarga sonora bem produzida, com muita atitude e competência por parte dos intérpretes. Podem não ser verdadeiramente uma banda de metal experimental, para isso existem os Portal, Ken Mode, Neusosis e afins. E também não são os que combinam mais géneros, para isso temos os Mr. Bungle e Sectet Chiefs Three por exemplo.
No entanto durante neste trabalho os Spiritworld nunca se toram enfadonhos ou monotonos e por vezes isso já é suficiente.
Nota: 8/10
Review por Nuno Babo