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Devin Townsend Project - "Deconstruction" Review

Sem querer começar esta crítica com um possível exagero, deixo bem claro que, apesar de admirar Devin Townsend como músico/artista/personalidade, nem sempre a sua música me entra no ouvido. O possível exagero a que me refiro é que Townsend é provavelmente um dos grandes génios da música contemporânea, ainda vivo. Talvez nunca seja visto ou reconhecido como tal, talvez a sua música nunca seja inteiramente reconhecida ou compreendida na sua plenitude. Creio que nesse aspecto poderá estabelecer-se uma comparação com uma das suas influências e esse, sem medo de exagerar, um dos grandes génios musicais do século XX, Frank Zappa. Há muitos paralelos entre a música dos dois, salvo as distâncias de um mergulhar profundamente na música extrema e outro incorporar um sem número de instrumentos e estilos, à primeira percepção, estranhos ao rock.

Depois de se afastar da indústria musical, pelo menos na perspectiva de músico/compositor, para se dedicar exclusivamente à produção. No entanto, a insatisfação começou a crescer de forma que tivesse que criar mais um projecto, desta vez, na forma de The Devin Townsend Project, composto por quatro álbuns, tendo sido os dois primeiros lançados em 2009, “Ki” e “Addicted”. A particularidade é que estes quatro álbuns são livres de droga, isto é, o artista queria compor sem estar a influência de qualquer substância – no tempo em que esteve parado, deixou de beber e fumar. Tendo “Ki” sido o álbum em quem Townsend andou por paragens mais calmas e “Addicted”, embora mais pesado, também nunca chegou ao que Strapping Young Lad era. As expectativas estavam altas para este “Deconstruction”, quer por ser último (supostamente) da série de quatro álbuns que inicialmente se propôs, quer pela utilização de orquestra e coros, quer pelo desfilar de participações onde se incluem nomes como Ihsahn, Tommy Rogers dos Between The Buried And Me, Paul Masvidal dos Cynic entre muitos outros. A questão é… será que essas expectativas são correspondidas?

A pergunta não tem uma resposta fácil. O início de “Praise The Lowered” faz relembrar a experiência de “Ghost” pelo seu início suave mas que vai aumentando a sua intensidade até explodir. A seguinte “Stand” também usa a mesma táctica, apenas começando com o nível de intensidade um pouco mais elevado, no entanto é na “Juular” que se dá o pico, uma grande faixa, que por coincidência, é uma das mais pequenas do álbum. De seguida, a coisa complica-se com “Planet Of The Apes”, e essa complicação é o que define este álbum. É simplesmente muita coisa, muita informação para uma mente só. O exemplo máximo é mesmo o mega épico de dezasseis minutos “The Mighty Masturbator” onde tudo acontece e provavelmente metade não se dá conta.


É impossível não ficar de boca aberta e queixo caído no final do álbum, que se desenrola como uma faixa única. No início, até se consegue perceber mais ou menos quando começa uma música ou quando acaba, mas depois, se não se tiver atento ao leitor de CDs, é perfeitamente possível passar despercebida a mudança, podendo ser isso, uma vantagem por um lado (dá vontade de ouvir novamente) assim como pode ser uma desvantagem, não distinguir individualmente as músicas e ficar em branco no final do álbum. Outra desvantagem é que não se vê, ou melhor, não se ouve a orquestra nem os coros (tirando raros momentos, como no final da “Mighty Masturbator” - um grande coro a dizer Amen), nem se consegue distinguir lá muito bem o desfilar de vozes convidadas. Resumindo, a esquizofrenia é tão grande que parece tudo a mesma coisa. E depois as letras… de certeza que Townsend deixou de tomar drogas?


“See the four-faced boy.../See the man with 17 testicles.../See the child stand back and look into the infinite void.../You... Young
man...Come forward.../See the vagina-faced lady.../Two for one...”

Não há muito a dizer, pois não…?


Se Zappa fosse vivo e fizesse um álbum de metal, seria assim, sem margem para dúvidas. O mundo pode é não estar preparado para ouvi-lo. Eu, pelo menos, sinto que esta música… é música à frente do seu tempo e que eu vou precisar de algum para poder digeri-la. Talvez daqui a uns anos tenha uma opinião diferente.


Nota:
6.7/10

"Deconstruction" track list:

01. Praise The Lowered
02. Stand
03. Juula
04. Planet Of The Apes
05. Summera
06. The Mighty Masturbator
07. Pandemic
08. Deconstruction
09. Poltergeist


Facebook Oficial: http://www.facebook.com/dvntownsend
Myspace Oficial: http://www.myspace.com/devintownsenddtb

Review por Fernando Ferreira