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Entrevista a A Dream Of Poe


O doom metal é um dos sub-géneros em foco no metal nacional na actualidade. A Dream of Poe é um dos nomes desse estilo e lançaram um forte disco de estreia neste ano de 2011. Por isso estivemos à conversa com a mente por detrás deste projecto, o multi-instrumentista Miguel Santos.

M.I. - Como tem sido para já a resposta da crítica e do público ao álbum?

Já se passaram sensivelmente 4 meses após o lançamento e o balanço que posso fazer não poderia ser melhor. O álbum no geral foi muito bem aceite pela crítica, obtive criticas muito boas em vários sites importantes do movimento heavy metal, não só a nível nacional mas a nível internacional. De notar também que algumas músicas do álbum tem rodado em vários programas de rádio tanto a nível nacional como internacional. Do público temos tido algum feedback através de várias redes sociais e a aceitação no geral tem sido também muito boa.


M.I. - "The Mirror Of Deliverance" foi um trabalho muito pensado ou tudo surgiu naturalmente?

Surgiu muito naturalmente, até porque é assim que gosto de trabalhar. Deixei sempre as ideias fluírem, claro que elas tiveram de ser minimamente trabalhadas adicionando pormenores “aqui e ali” mas no fundo acabou por ser sempre um trabalho muito natural.


M.I. - Estás completamente satisfeito com o resultado final do disco?

Há sempre coisas que podem ser melhoradas, mas atendendo aos factos que rodearam todo o desenvolvimento e gravação do álbum, estou muito satisfeito. A qualidade final deste trabalho está directamente ligada com a minha evolução enquanto musico e produtor, estes são factores que tendem a sofrer uma evolução ao longo do tempo e influenciam o resultado final de um determinado trabalho num determinado espaço de tempo.


M.I. - "Vultos" é cantado em Português e é sem dúvida um dos temas mais fortes do vosso álbum. Conta-nos o porquê desse tema ser cantado no nosso idioma?

Houve vários factores que contribuíram para optar por usar a língua portuguesa neste tema. Sempre foi minha intenção ter um tema em português mas tal nunca se proporcionou por não estarem reunidas todas as condições. Neste caso em particular o tema tem, na minha opinião, um sentimento e encadeamento melódico em que podemos tirar partido de uma vocalização em português. Nas minhas composições não gosto de forçar e escrever um tema especificamente para poder cantar em português ou sendo limitado por outra especificidade qualquer, pelo que “Os Vultos”, bem como todos os outros temas, surgiram naturalmente durante o meu processo de criação. No fundo acabou por ser uma coincidência o Paulo Pacheco ter escrito um poema em português e eu ter escrito um tema em que uma letra em português encaixaria na perfeição.


M.I. - O que te inspira na hora de compor temas para A Dream Of Poe?

É-me difícil enunciar o que me inspira a compor para A Dream of Poe. Eu julgo que há muitas fontes que me servem de inspiração, seja de forma consciente ou não. Normalmente componho quando estou simplesmente a tocar sem qualquer rumo ou objectivo definido, aí surgem diversas ideias que caso me agradem tento desenvolve-las. No fundo o que influencia essas ideias são as minhas vivências, o mundo e a sociedade em que vivo, o modo como olho para o que me rodeia, a nível mais cultural por aquilo que leio ou ouço.


M.I. - Têm sido lançados vários álbuns de qualidade dentro do doom metal em Portugal nos últimos anos e o público começa a ter os olhos postos nesse sub-género. Pensas que isso poderá ajudar-vos de alguma maneira?

Pode ajudar não só A Dream of Poe como todas as outras bandas nacionais de Doom-Metal. De facto Portugal começa a ser conhecido internacionalmente pelas suas excelentes bandas de Doom e creio que, fruto de alguma semelhança entre as bandas de doom nacional, caminhamos a passos largos para que num futuro próximo sejamos citados como “Portuguese Doom Metal”.


M.I. - Achas que o facto de A Dream Of Poe ser um projecto dos Açores pode dificultar de algum modo a sua afirmação a nível nacional?

De certa forma dificulta, isto porque parte integrante da afirmação de determinada banda passa por actuações ao vivo, no caso de A Dream of Poe, pelo facto de a deslocação desde os Açores até Portugal Continental ser extremamente cara, torna de certo modo impossível para as organizações de eventos suportarem os custos de deslocação de A Dream of Poe, a título de exemplo, a deslocação de 5 pessoas poderá ascender a mais de 1400€, e este valor é claramente um entrave a qualquer organização que lide com Doom Metal. Contudo, graças às novas tecnologias é-nos possível chegar tanto aí a Portugal continental como a outros países europeus. Isto é comprovado através do convite que nos foi endereçado e prontamente aceite para actuarmos no Dutch Doom Days X em Roterdão, Holanda.


M.I.- Têm planos para tocar brevemente em Portugal continental?

Até ao momento não houve qualquer contacto para actuarmos em Portugal continental mas espero que um dia possamo-nos apresentar pela primeira vez no continente.


M.I. - O doom metal nunca foi um estilo para massas. O que te levou a querer tocar em projectos doom?

Sinceramente não tenho uma resposta concreta sobre o que me levou a enveredar pelo doom-metal mas no fundo creio que foi uma questão de gosto. Desde que comecei a ouvir metal sempre tive uma maior atracção por sons mais melódicos e melancólicos, talvez por isso, quando me aventurei como músico, tenha sido algo perfeitamente natural pois inconscientemente tudo o que componha tinha um cunho muito melódico.

M.I. - O que podemos esperar de A Dream Of Poe no futuro?

De momento estou centrado apenas na realização da tournée que decorrerá de 10 a 19 de Novembro, após isto irei iniciar a composição de novos temas para um futuro álbum que como é lógico a esta altura ainda não tem qualquer data prevista.




Entrevista por Mário Rodrigues