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Entrevista aos MaYaN


MaYaN é o novo projecto de Mark Jansen (Epica), Jack Driessen (ex-After Forever) e Frank Schiphorst. A banda lançou o seu primeiro álbum, "Quarterpast" no dia 20 de Maio pela Nuclear Blast. Segundo a mesma, a sua sonoridade situa-se num “Symphonic Death Metal Opera” e apesar da cultura Maia não ser directamente uma inspiração para a parte lírica, esta mantém uma relação com os tempos modernos nas letras deste trabalho. Para ficarmos a saber mais sobre este projecto entrevistámos Mark Jansen.


M.I. - MaYaN é o nome deste novo teu projecto, no entanto muitas das letras do novo álbum estão relacionadas com temas como a corrupção e o abuso de poder. Podes dizer-me de que maneira a cultura deste antigo Império sul-americano (Maias) está relacionado com o álbum e banda?


MaYaN é o nome da banda, mas isso não significa que as letras sejam sobre a cultura Maia. No entanto na capa do álbum nós associámos a cultura Maia com as letras. O passado e o presente caminham juntos, ou seja a antiga civilização encontra-se com o mundo ocidental moderno. Eu acho que as duas podem aprender uma com a outra, mas para ser sincero podemos aprender mais com a cultura Maia do que vice-versa. Há uma linha que atravessa todo o álbum e que fala sobre a corrupção, fraude, dinheiro, petróleo e abuso de poder. O mundo em que vivemos está se a tornar louco. O dinheiro já não é representado pelas barras de ouro, este é apenas um número. Facilitando com que uma minoria de pessoas enriqueça à custa de outras, obtendo poder através desse "fictício"/falso dinheiro. É importante para eles que fiquem no topo da “pirâmide”, porque se muita gente conseguisse chegar ao topo não haveria escravos suficientes para fazer os trabalhos sujos. Para mante-los controlados, os preços das casas são tão altos que a maioria das pessoas precisam de trabalhar a sua vida inteira para pagar as contas do sítio onde vivem. Então estão constantemente com dívidas para poderem fazer uma vida da melhor maneira possível, e assim estão dominados e mantidos sob controlo. Por isso também é muito importante que haja trabalhos suficientes para mante-los “satisfeitos”. Na capa está um homem que é um traidor, ele engana e mente e parece-se com um homem de negócios ou um político. É importante que continuemos a pensar por nós próprios e não acreditemos em tudo o que eles nos dizem. Estamos todos ligados e quanto mais continuarmos a trabalhar juntos melhor será o resultado final para todos nós.


M.I. - Como surgiu a ideia de formar este projecto? Querias fazer algo diferente de Epica e After Forever?

Sim, eu queria definitivamente fazer algo diferente. Depois de 15 anos a tocar guitarra e a fazer backing vocals em After Forever e Epica, eu precisava de um novo desafio e também de carregar as minhas baterias para o próximo álbum de Epica. O que resultou bastante bem, por causa de MaYaN e da cooperação com o Frank e o Jack, eu revigorei a minha mente. Nós escrevemos os três a música e foi de forma diferente ao que eu estava habituado com Epica em que basicamente cada um de nós trabalha no seu estúdio em casa e só na fase final é que nos juntamos para trabalhar nos últimos detalhes.
Em MaYaN eu não toco guitarra, principalmente ao vivo. Eu adoro esse facto pois tenho mais possibilidade de interagir com o público.


M.I. - Sendo considerada uma banda de “Symphonic Death Metal Opera”, MaYaN destaca-se das outras bandas pois toma partido de um género pouco explorado. Como surgiu a designação para esse novo género?

Nós não tínhamos ideia, só começamos a criar música de que gostamos. O Frank escreveu a maioria das partes da guitarra, pois nós queríamos que soassem completamente diferentes das de Epica. Eu escrevi cerca de 25% das guitarras e o Frank 75%. O Jack escreveu a maioria das partes sinfónicas. Eu foquei-me mais na estrutura das músicas, nos guturais e nas vozes limpas dos vocalistas.


M.I. - Quarterpast tem vários convidados bastante conhecidos como a Simone Simons (Epica) ou a Floor Jansen (ex After Forever/Revamp), o que não é surpresa. Mas também conta com a presença de Laura Marcì e Henning Basse, desconhecidos para a maioria do público. Como é que estes dois últimos elementos se integraram no projecto?

Nós conhecíamos o Henning através do seu trabalho com os Sons of Seasons. Ele é um excelente vocalista mas nunca teve possibilidade de estar numa grande banda. Ele consegue cantar de tudo, partes calmas, partes mais pesadas, brutais e limpas. É óptimo trabalhar com um talento como o dele. A Laura é ainda muito jovem, ela ainda está progredir mas já possui uma poderosa voz lírica. Tenho a certeza que ela será uma fantástica cantora de ópera. Como ela também adora metal eu decidi perguntar-lhe se ela queria participar e ela concordou (risos).


M.I. - Quanto à composição das faixas e da criação das letras, quais foram as vossas fontes de inspiração? Os elementos da banda discutiram em conjunto quanto a esses assuntos, ou cada elemento se dedicou a uma tarefa?

Nós composemos as músicas juntos: o Jack, o Frank e eu. As letras ficaram a meu cargo. A Laura escreveu as partes em italiano e a última música do álbum eu escrevi em conjunto com uma rapariga chamada Najla. Eu inspiro-me através das notícias diárias, jornais, livros que li e pelo Youtube. A internet é uma bênção e uma maldição. Devido a ela nós podemos partilhar informação secreta, mas por outro lado é muito viciante e eu pessoalmente passo demasiado tempo online. Há tanta informação que por vezes nós passamos demasiado rápido de assunto para assunto em vez de realmente pesquisarmos a fundo sobre a questão. Eu continuo a tentar descobrir o maior possível sobre um assunto para poder ter uma visão ampla e vê-lo de diferentes ângulos e perspectivas.


M.I. - O álbum foi produzido pelo famoso guitarrista e produtor alemão Sasha Paeth, conhecido por trabalhar com bandas como Kamelot, Angra, Epica, entre muitas outras. O que o levou a escolhe-lo para produtor do vosso disco?

Quando falei com o Sascha sobre este álbum e sobre a banda ele ficou muito entusiasmado e perguntou-me se podia trabalhar connosco. Ele estava a precisar de um novo desafio. Muitas bandas aproximam-se dele através do subgénero do metal melódico. Mas apesar disso ele tem um gosto bastante amplo e gostava de produzir também álbuns de bandas mais pesadas, mas nunca consegue por causa do seu passado. De qualquer forma ele é capaz de fazê-lo. Ele é uma excelente pessoa para trabalhar, muito paciente, dedicado e possui um enorme conhecimento. Eu respeito-o bastante.


M.I. - São um projecto recente que contém alguns membros já conhecidos pelo público como tu (Epica) ou Jack Driessen (ex After Forever), e formam um grupo de um estilo mais pesado e extremo. Têm atraído apreciadores de uma sonoridade mais pesada?

Sim, houve algumas pessoas que me escreveram a dizer que Epica era demasiado calmo para eles mas que adoram MaYaN. Era exactamente isso que queríamos alcançar. Se todos os fãs de Epica gostassem de MaYaN e nenhum fã de Epica gostasse de MaYaN esta banda seria inútil. Nesse caso teria usado toda a música para o próximo álbum de Epica. Mas como não é esse o caso, eu estou feliz por causa disso. Ambas as bandas são para diferentes públicos. E os fãs de Epica que gostam de MaYaN também são mais que bem-vindos é claro. Eu gosto bastante da música de ambas as bandas por isso deve existir outras pessoas com o mesmo tipo de gosto (risos).


M.I. - Visto que alguns dos membros têm outros projectos, como fazem para os conciliar com Mayan?

Nós planeamos antecipadamente o caminho. Esta é a única maneira de ter os rapazes todos juntos. E em alguns concertos fazemos com diferentes vocalistas. O Henning está sempre connosco porque ele tem um papel muito importante na banda.


M.I. - Por último, quais os vossos projectos para o futuro?

Nós assinámos contracto para 4 álbuns, portanto a ideia a continuar com o projecto por muito tempo. Para o próximo ano queremos fazer uma tour europeia e vamos tocar também nos EUA. Espero que sejamos capazes de fazer uma tour na América do Sul. Em Setembro deste ano vamos fazer uma pequena Tour na Holanda e na Bélgica. O suficiente para olhar em frente (risos).




Entrevista por Patrícia Torres