About Me

Pain of Salvation - "Road Salt Two" Review


O último álbum de Pain of Salvation, "Road Salt Two" é a (óbvia) continuação do anterior "Road Salt One". Se este já tinha sido uma desilusão para alguns fãs, esta sequela veio perpetuar esse desânimo.

Estes sentimentos negativos expressados pelos fãs são incompreensíveis visto Daniel Gildenlöw e a sua banda sempre terem sabido pautar as suas criações com um espírito de inovação e experimentação próprias do metal/rock progressivo. Apesar da desilusão de muitos em verem desaparecer nestes álbuns a distorção típica do metal a dar lugar a um ambiente mais prog/psicadélico dos anos 70, esta arriscada escolha foi perfeitamente conseguida: não fosse Gildenlöw notoriamente influenciado pela sonoridade original do progressivo, recaíndo obviamente, no rock .

"Road Salt Two" não é, de perto nem de longe, um álbum de metal. E tendo esse parâmetro em conta que se devem quebrar os preconceitos iniciais em relação a este álbum. Após a pequena introdução que faz a ponte entre os dois Road Salt, o álbum abre com "Softly she Cries", música que poderia pertencer a a Jethro Tull ou Procul Harum, não tivesse sido escrita/composta em 2011. Segue-se uma mais bluesy "Conditioned" tocando por vezes uma sonoridade próxima do country.

Em forma de homenagem a Camel, as hiper-emotivas "Healing Now" e "To the Shoreline" aparecem e consigo trazem uma profundidade muito grande que se associa na perfeição à voz de Gildenlöw. Sem dificuldade aponto "To the Shoreline" como a melhor música do álbum, com um arranque tão melodioso e simultaneamente majestoso como o timbre impresso por Camel na maioria das duas músicas.

O resto do álbum vai-se pautando por apontamentos que variam entre o mais emocional, o rock clássico à la Led Zeppelin e o orquestral, desenvolvendo-se num misto de sonoridades, e experimentações, roçando por vezes o campo do psicadélico, sempre com um sentido de inovação e extrema criatividade. Pode soar estranho, o facto de referir que neste álbum encontramos uma séria inovação na sonoridade de Pain of Salvation, quando se trata, à priori, de um retrocesso estético até aos anos 70. Desconheço se esta tónica revivalista se vai manter, ou se novamente, como nos habituaram, vai lançar de seguida um álbum a caminhar num sentido diferente.

"Road Salt Two" quiçá o final desta sequência de "Road Salts" mais revivalistas e nostálgicos tem para mim, e mais do que tudo, dois pontos extremamente positivos:

1) Demonstra um extremo respeito pelas origens do género progressivo. Mais do que tudo este álbum soa-me a um pseudo-tributo estético aos fundadores do prog. Revelam com isso uma grande maturidade musical ao reconhecerem, e de uma certa forma, referenciarem, os músicos que trilharam o caminho previamente.

2) Atingem um resultado extremamente difícil: fazer música esteticamente dos anos 70 em 2011, a soar a moderno. Logo na primeira audição é possível reconhecer a estética, mas é impossível indicar que a sonoridade é de alguma forma datada. O album soa actual e revivalista ao mesmo tempo, sem que essa mistura seja estranha.

Um bom álbum de progressivo para se ouvir, mas talvez não o mais indicado para se "mergulhar" em Pain of Salvation. Ainda assim, 53:35 minutos de génio.

Nota: 8.2/10
"Road Salt Two" track list:

01. Road Salt Theme

02. Softly She Cries
03. Conditioned

04. Healing Now

05. To The Shoreline

06. Eleven

07. 1979

08. The Deeper Cut

09. Mortar Grind

10. Through The Distance

11. The Physics Of Gridlock

12. End Credits





Review por Ricardo Correia