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Symphony X - "Iconoclast" Review

À primeira audição de "Iconoclast" a sensação que prevaleceu é que se trata de um álbum muito sólido, e na generalidade, muito bom. O único problema que transparece: o álbum não é excelente.

Symphony X sempre tiveram algo de único quando comparados com tantas outras bandas. Os seus álbuns denotavam uma constante busca pela inovação e pela sua re-invençao enquanto músicos e artistas. Era perceptível que tanto a nível individual como a nível colectivo que a banda se queria afirmar como um grande colosso do metal progressivo. E volvidos estes 10 anos justifica-se: Symphony X é, lato senso, uma das bandas de topo do género.

O concept album "Iconoclast", o oitavo disco de estúdio da banda e o primeiro pela gigante Nuclear Blast, reflecte no seu conceito um tom sci-fi-esq muito próximo do Matrix e dos grandes clássicos de FC, em que as máquinas estão lentamente a tornar-nos cada vez menos humanos. Pelas oportunidades que tenho tido de falar sobre este álbum e pela sensação quase generalizada pela Internet, percebo que grande parte de quem ouviu considera-o o melhor de sempre da carreira dos norte-americanos. A grandiosidade épica da faixa de abertura, a self-titled "Iconoclast" desarma qualquer ouvinte à audição remetendo de imediato para a magnum opus épica "The Oddyssey". Seguem-se três faixas que considero cairem dentro da área de conforto de Syphony X, puxando a uma sonoridade mais power metal, mais directa, com refrões mais catchy, sendo que "The End of Innocence" é inclusivamente o single do álbum. Após o arranque épico do álbum, percebe-se que estas músicas mais "orelhudas" (não descomprometendo a exímia qualidade e técnica instrumental e vocal) demonstram uma certa vontade de Symphony X de se aproximar de um mercado mais mainstream do metal, não fosse, lá está, a importância da actual editora, e o impacto comercial que esta tem dentro do género. A meio do álbum, "Heretic", uma das músicas mais pesadas e rápidas de sempre, a pisar o limiar entre um tech-death, com Russel Allen a imprimir uma maior agressividade na sua voz. A faixa seginte, "Children of a Faceless God" confirmou-me que a sensação de declínio qualititativo das letras de Symphony X era verdadeira. Acompanhada por "Electric Messiah" são duas das músicas liricamente mais cheesy, notoriamente orientadas para apresentações ao vivo, mas que não deixam de ser uma queda da qualidade quasi-literária a que Symphony X nos habituaram.

Apenas no final do álbum, com as duas últimas faixas, Symphony X demonstram o espírito anti-comodista musical que lhes era habitual. "Prometheus (I am Alive)" é construída de forma mais compassada, com um feeling oscilante entre a música: entre a agressividade, a raiva contida e a pró-resignação que Russel Allen demonstra no refrão, em género de catarse vocal ao desenvolvimento da música. Sem sombra de dúvida que a faixa de encerramento é a obra-prima do álbum e que faz elevar a fasquia de toda a obra. "When All is Lost" conjuga o melhor dos diversos mundos que compõem Syphony X, na tradição (quase) sempre impressa nos seus álbuns: a emotividade e fragilidade, associadas a uma técnica soberba e a uma criatividade impar, e ainda ao peso e agressividade. Sem dúvida A grande música a retirar de todo o álbum e que é por si só (e os seus 9:10 minutos) merecedora de figurar no panteão de grandes músicas criadas por Michael Romeo e companhia.

Em relação às 3 músicas adicionais que figuram na Edição Especial de "Iconoclast", acho bastante curioso que para mim são superiores a grande parte das faixas incluidas no álbum propriamente dito. São faixas que não tendo um pendor tão catchy como as já referidas, soam mais a Symphony X, no sentido em que descrevem a sonoridade criativa da banda, ao invés das músicas mais video and live-oriented presentes na versão "normal" do álbum.

Em conclusão, Symphony X é sem dúvida uma das maiores, senão a maior banda do género. Cada um dos 5 músicos é exímio naquilo que faz, criando o ensemble perfeito, e revelando uma evolução técnica e musical de álbum para álbum. Ainda assim, e contrariando a opinião geral, "Iconoclast" não é o melhor álbum de Symphony X. A banda encontra-se algo acomodada a esta zona de conforto que iniciaram (de forma majestosa) no "The Oddyssey", que cimentaram no "Paradise Lost" e que voltaram a repetir neste álbum. Aliás, de uma certa forma nos últimos 2 álbuns a banda não tem feito outra coisa senão seguir o modelo encontrado em "The Oddyssey". Não querendo com isto dizer que o álbum não seja bom. A bem verdade o álbum é Muito Bom! Mas...não é Excelente. E para quem está habituado ao espírito de eterna reinvenção e recriação que os Symphony X revelam desde o seu primeiro (e muito mal produzido) álbum, é um certo turn off vê-los a acomodarem-se a algo que é sem dúvida material de topo, e que merece ser ouvido por todos os fãs de metal, gostem ou não de progressivo, mas que não é, um ponto extraordinário na sua carreira.

Nota:
8.4/10
"Iconoclast" track list:

1. Iconoclast
2. The End of Innocence
3. Dehumanized
4. Bastards of the Machine
5. Heretic
6. Children of a Faceless God
7. Electric Messiah
8. Prometheus (I Am Alive)
9. When All Is Lost



Review por Ricardo Correia