Os Desaster são uma das mais puras e verdadeiras bandas de metal germânico e estão de volta! O novo ataque “The Arts Of Destruction”, já é considerado pela própria banda como o seu melhor álbum de sempre. Para ficarmos inteirados e esclarecidos sobre todas as novidades, estivemos à conversa com o sempre afável e bem disposto baterista, Tormentor.
M.I. – Porque é que houve um intervalo tão longo entre “Satan’s Soldiers Syndicate” e “The Arts Of Destruction”?
Olá Sónia! Hail Portugal! 5 anos realmente é muito tempo entre dois álbuns mas fizemos muitas cenas pelo meio como a festa dos 20 anos e a caixa de comemoração, 2 splits com Sabbat (Anniverarius 7” e Duplo LP ao vivo) e “Zombie Ritual”... Para além disso, o Infernal foi pai e não tem tido muito tempo para se focar na banda. Neste tempo, tocamos muito e também bebemos muitas cervejas! ;) Nós não somos uma banda que precisa de lançar um álbum de dois em dois anos. O mercado musical está saturado com material... por isso, mais vale manter a calma e voltar com um big baaaang!
M.I. – Como é habitual, a capa é realmente muito intensa e encaixa bem no título... como é que surgiu o título “The Arts Of Destruction”? Como é que funciona? Primeiro surgem as letras e depois escolhem o título ou vice-versa? Qual é a principal ideia por trás do álbum?
Desta vez, foi primeiro o título! Pensamos em criar artes de destruição... artes diferentes... gostamos de oferecer aos nossos ouvintes a hipótese de criar a sua própria visão, a sua imagem de cada canção... Consideramos que o título encaixa perfeitamente no som e nas canções... Demos ao Axel Hermann (responsável também pelas capas de Asphyx, Morgoth, Iced Earth) este título e ele começou a pintar. Penso que esta é a nossa melhor capa de sempre! E também o facto do layout ser a preto e branco resulta na perfeição. Tendo em consideração a atmosfera, o sentimento e a força, este é o nosso melhor álbum até ao momento! A maior parte das letras foi escrita depois da música estar concluída... houve uma ou outra em que fizemos pequenas alterações mas foi só isso!
M.I. – Os Desaster trabalharam com o produtor e cantor punk Wally Waldorf... como é trabalhar com alguém que não está envolvido no mesmo tipo de cena underground? Escolheram-no pela sua atitude ou paixão pela música? Consideras que a perspectiva de alguém exterior a este género de cena metal foi benéfico para o álbum?
O Wally é um gajo porreiro! Punk ou Metal... é tudo Rock N’ Roll! Na parte da Alemanha onde vivo, os metaleiros e punks eram muito unidos nos anos 80 e 90... bons tempos!
Gravámos muita música na ToxoMusic, mas, desta vez, decidimos que iríamos gravar todos os instrumentos aqui. A mistura e produção ficaram a cargo de Patrick W. Engel (Impending Doom, Anael, etc) que trabalhou nos estúdios Rape of Harmonies e Temple of Disharmony. Acho que ambos fizeram um trabalho excepcional e, como referi anteriormente, talvez este seja o melhor som que alguma vez conseguimos. Também estou feliz por termos conseguido um som tão brutal e tão demolidor sem soarmos como 90% das bandas de hoje. Eu já deixei de ouvir álbuns mais recentes porque soam todos igual. Há alguns anos atrás, quando os cds de promoção ainda eram excitantes, eu recebia muitas cenas da Metal Blade... e pensava que todos aqueles álbuns eram gravados no mesmo estúdio... (risos)...que cena marada... por isso, a nossa resposta foi “Anglewhore”, talvez não o nosso melhor álbum mas um sinal de protesto contra toda aquela merda! Estou realmente cansado deste som 100% plástico, cínico e sensabor. Repara nos Primordial, Baphomet’s Blood, Witchburner, Solstafir... é desse som que precisamos!
M.I. – O novo CD vai ser lançado pela Metal Blade e a edição em vinil vai ser lançada pela High Roller Records. És um fã de vinil? É importante para a banda lançar esse tipo de formato?
Sim, tens razão! O CD/DVD é lançado pela Metal Blade Records e a versão vinil terá três versões diferentes lançadas pela High Roller Records. Haverá uma versão “diehard” (Splatter vinyl, Slipmat, DVD, Poster), um Pic LP e o Black wax normal. Claro que nós somos coleccionadores de vinil! Os Desaster sem um lançamento em vinil são quase como cerveja sem espuma! Também já lançámos algumas cenas só em vinil para mostrar o quanto nos sentimos possuídos! Eu prefiro LPs a CDs… a capa, o som… o sentimento é completamente diferente!
M.I. – Na América do Sul, o álbum será lançado pela Mutilation Records. Porque é que há mais do que uma editora envolvida no lançamento do álbum? Porque é que não é a Metal Blade a lançá-lo em todo o lado?
A Metal Blade lançará o CD mundialmente! Só na América do Sul será lançado pela Mutilation Records. É assim porque está estipulado no contrato... Achamos que mantém o espírito vivo dar os direitos a uma editora especial e a bons amigos. Eles não são uma editora muito grande mas têm verdadeiros metaleiros por trás do trabalho que fazem! Talvez a Sylphorium Records da Colômbia faça uma versão também!
M.I. – A festa de lançamento de “The Arts of destruction” aconteceu recentemente. Como correu? O que é se faz numa festa de lançamento? Tocais o álbum para os fãs? Quem são os convidados?
Nós dantes fazíamos dois tipos de festas de lançamento: um, por exemplo, para o álbum “Angelwhore” e um concerto vivo. Desta vez e da última, decidimos fazer somente uma sessão de bebida no nosso pub preferido em Koblenz, o Florinsmarkt, e vendemos mercadoria e CDs a preços bastante acessíveis. O barman criou uma bebida especial para nós, a “Metalized Blood”.
M.I. – Alguma vez sonhaste que os Desaster atingiriam este estatuto quando te juntaste à banda? Como é que te sentes sabendo que te estás a tornar uma lenda e a deixar uma marca na história do metal? Quando eras puto, algum vez imaginaste que serias um músico conhecido internacionalmente?
Não sei bem, eu sabia que esta banda era mesmo especial mas nunca tive a ambição de me tornar mundialmente conhecido no cena metal underground. Eu acho que a palavra “grande” não é muito adequada porque grandes são os Metallica, os Amon Amarth, etc... Nós somos só quatro alemães maníacos que gostam de tocar metal! Não achamos que sejamos lendas, desculpa lá, mas há muitas bandas que são lendas, nós não! Claro que me sinto orgulhoso por ser parte de uma banda que encontrou o seu estilo próprio dentro do metal. Adoro viajar, conhecer novos maníacos, beber cervejas diferentes, comprar LPs, ir a lojas de discos, etc.
M.I. – Já passaram mais de duas décadas desde que vocês começaram a espalhar desastre por todo o lado... que balanço fazes desses anos?
O mais importante é que nunca nos comprometemos! Sabemos o que queremos e o que somos capazes de fazer. Nunca nos interessamos muito por saber o que se passa na cena de hoje. Nunca nos prostituímos para ficar mais conhecidos.
M.I. – Os Desaster já fizeram cenas muito inovadoras relativamente à promoção da banda, em particular o cruzeiro comemorativo dos 20 anos, entre outros. Dirias que vives e respiras Desaster 24 horas por dia?
(Risos) Não! Os Desaster ocupam uma grande parte da minha vida normal, são uma parte da minha vida, basicamente são apenas um passatempo que me rouba muito tempo... mas de um modo agradável, claro! O cruzeiro para festejar os 20 anos foi espectacular! Sentimo-nos muito bem mas ter de organizar uma comemoração para 600 maníacos num barco é uma grande dor de cabeça. Tivemos muitos problemas a considerar como a mudança de barco, todo o equipamento a bordo, tudo, tudo... Correu tudo muito bem e todo o pessoal adorou! A caixa comemorativa dos 20 anos também foi uma óptima ideia. Espero que o pessoal se tenha apercebido da trabalheira que deu criar uma caixa daquelas com todos os detalhes... De qualquer maneira, eu gostaria que o meu dia tivesse 26 horas.
M.I. – Como é que geres o tempo para te conseguires envolver em outros projectos, como Decayed e Metalucifer? Agora os Decayed estão prestes a gravar outro álbum... é fácil pertencer a bandas com membros que vivem em diferentes países?
Trabalhar com gajos de diferentes países mostra que o Heavy Metal é internacional e que há muitos projectos e bandas com essas características. Isso é fantástico! Gostaria de trabalhar com irmãos e irmãs de todos os países do mundo. Não sei como iria gerir isso mas tudo acaba por resultar lindamente. Estou feliz por ter a meu lado a Elena, que é uma namorada muito compreensiva e leal. Ela sabe que a música é a minha vida e que eu gostaria de tocar em todas as bandas que curto. (risos) O José dos Decayed vem a Koblenz dentro de duas semanas, porque vamos gravar o novo álbum de Decayed aqui... agora na banda também está o Kolgrim dos Unpure e outro maníaco sueco. Depois das gravações, penso que faremos alguns concertos juntos. Gostaria de ensaiar e tocar mais com o José mas, por vezes, os vôos são muitoooooo caros! Com os Metalucifer, estamos a trabalhar no KIT DVD... Gezolucifer concluiu as vozes em inglês no álbum de HM Bulldozer.
M.I. – Achas que o facto de o Infernal agora ter de se dedicar à família tem afectado a banda de algum modo?
Sim, faz com que todo o processo seja mais vagaroso. Mas ele é que manda e pode fazer o que quer! (risos) Ele tinha o desejo de se casar e ser um pai de família. A partir do momento em que ele nos informou que ia ser pai, foi evidente que a banda não ia continuar a fazer como até então. Mas nós estamos todos porreiros com essa cena e ele tenta equilibrar o melhor possível o tempo que passa com a banda e com a família. O segundo Kuschkebanger vem a caminho, por isso...
M.I.– Provavelmente já tocaste ao lado de grandes bandas e grandes músicos. Houve algum que te tenha impressionado negativa ou positivamente? Como é tocar ao lado de lendas do metal? (Talvez haja algumas bandas que te consideram uma lenda!)
(Risos) Achas?! Não... Claro que foi e ainda é um prazer conhecer os meus ídolos. Foi fixe ver o Lemmy nos bastidores e outras lendas... Mas detesto aproximar-me de bandas, tornar-me amigo e começar a ouvir informações que não quero ouvir como fã... Eu fui e ainda sou um fã de Sodom mas, como ouvi muitas histórias sobre a banda e merdas do negócio, perdi o interesse. Mas foi óptimo conhecer os Asphyx, Autopsy, Marc Grewe dos Morgoth. Conheci alguns ídolos ao longo dos anos e alguns são gajos espectaculares, outros são uns filhos da p*ta! (risos)
M.I. – Na tua opinião, qual é o maior feito de Desaster até ao momento? E teu?
Ser uma banda underground e fazer o que nos apetece, conseguindo ainda assim tocar em todo o mundo e ter fãs fenomenais. O meu maior feito pessoal? Não faço a mínima ideia... ter encontrado uma namorada tão fabulosa e ter amigos muito especiais na Suécia e Irlanda!
M.I. – Os Desaster já tocaram em praticamente todo o mundo, portanto, és capaz de nomear um local que prefiras por algum motivo? Qual é a audiência mais louca perante a qual já actuaste?
Oh, há tantos locais em que gostaríamos de tocar! A fórmula certa costuma ser bom hotel/boa comida = má sala de espectáculos ou mau concerto ou então boa sala de espectáculos /bom concerto = mau hotel / má comida. (Risos)
Não consigo nomear somente uma sala ou local! Há óptimas salas ou festivais. Pessoalmente o meu ainda é o Partysan Open Air aqui na Alemanha... A audiência mais louca que tivemos talvez tenha sido em Cali, na Colômbia em 2005, em que tivemos de esperar uma hora depois do concerto porque os seguranças não nos deixavam passar pelo meio dos fãs para ir para os bastidores... (risos)... ou os espectáculos na Sérvia onde os maníacos se passaram completamente! AArrghhhh!
M.I. – Já te deparaste com algum país ou civilização que te tenha impressionado?
Cada país tem algo especial. Eu gosto de países como a Finlândia ou a Irlanda mas não sei explicar porque me sinto bem lá. O Brasil também é muito fixe, muito simpático mas tem pessoal muito estranho...
M.I. – És fã de tatuagens... a que idade começaste a decorar o teu corpo? O Emperor Magus Caligula uma vez comentou comigo que “as tatuagens são como as batatas Pringles... “once they pop, you just can’t stop!” Concordas com esta afirmação?
Eu comecei a fazer tatuagens muito tarde mas o gajo sueco tem toda a razão! Fazer uma tatuagem é como uma droga, não se consegue parar após a primeira sessão... sempre que me sento lá e as agulhas me começam a marcar, penso “Que cara**o faço aqui?” (risos) Mas depois estou sempre ansioso pela sessão seguinte...
M.I. – Os fãs portugueses estão ansiosos por ver os Desaster ao vivo outra vez... por isso, voltem em breve! Até lá, partilha algumas palavras com os leitores...
Yeah! Nós também gostaríamos muito de voltar aí! Talvez a oportunidade apareça em breve! Superbock e Sagres são muito boas! E a vossa comida também é excelente! Ok, Sónia, obrigada pela entrevista, foi um prazer! A todos os portugueses maníacos... mantenham os olhos abertos para a próxima batalha desastrosa e aguardem também o novo e fabuloso álbum de Decayed em breve. Se alguém estiver interessado em mercadoria, por favor acedam ao nosso site www.total-desaster.com ou escrevam para order@total-desaster.com ... promotores contactem-nos para booking@total-desaster.com. Obrigado, Saúde!
Entrevista por Sónia Fonseca