
Fruto disso, os franceses Kells têm vindo numa ascensão meteórica, que já lhes valeu uma exaustiva digressão no ano passado, com passagem pelo nosso país, e por consequência o assinar com a Seasons of Mist graças a qual lançaram este novo Anachromie. Numa de quererem dar uma no cravo e outra na ferradura, pegam naquilo que de melhor as duas cenas têm, e fundem-nas de tal maneira que a coisa até apresenta um resultado bastante satisfatório, juntando a isso os temas serem cantados em francês, à semelhança dos seus conterrâneos Eths, e temos em Anachromie um disco bastante eclético.
Á força das guitarras, ritmos frenéticos, e claro os já famigerados breakdowns, juntam-se uns quantos elementos sinfónicos, mas sempre usados com moderação, dando um toque subtil às composições. O caso mais flagrante é o uso do violino em Emmurés e Quelque Part, este ultimo um dos melhores temas do disco. Uma mistura explosiva de peso com melodia.
Mas mais destaques poderão ser encontrados em Anachromie. Se Taire e L'heure Que Le Temps Va Figer apresentam refrãos excelentes que nos transportam aos melhores momentos de Lacuna Coil, e L’Autre Rive contem uma atmosfera mais sinistra, muito divido ao já referido violino. Mas se a parte instrumental / composição já cativa, o que dizer de Virginie Gonçalves, a menina que dá voz ao colectivo? Santos pulmões que tanto lhe permitem berrar desenfreadamente, como projectar a sua voz mais cantada, sem esquecer a delicadeza que o início de uma música como Cristal exige.
Embora os Kells consigam ter este ecletismo, não quer com isso dizer que estamos perante algo incrivelmente inovador, ainda para mais quando a maioria das músicas a certa altura começam a soar demasiado parecidas umas com as outras, o que impede que Anachromie seja um disco primordial, ou uma obra-prima. Por enquanto cumpre os objectivos, e mostra um conjunto de temas bem executados susceptíveis de um premir no botão replay.
Nota: 8/10
Review por António Salazar Antunes