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Corrosion of Conformity - "Corrosion of Conformity" Review

Custa-me admitir mas vou ter que personificar o papel infame do fã que nunca está satisfeito com as propostas actuais das suas bandas preferidas. Aqueles que se fartam de dizer “antigamente é que era”. Pois bem, os Corrosion Of Conformity lançaram o seu álbum auto-intitulado. Isso logo à partida costuma ser um declarar de intenções, marcar terreno, o fim de uma era/início de outra ou então, simplesmente, um grande álbum. Já lá vamos.

Para já, acontece algo estranho. O álbum tem a participação apenas de três dos seus membros, ou seja, Mike Dean (baixista que assume as vocalizações principais), Reed Mullin (bateria) e Woody Weatherman (guitarra e voz também), deixando de fora Pepper Keenan (o guitarrista e a voz característica da banda, na fase que lhes trouxe mais sucesso). A parte estranha é que Pepper está fora do álbum mas não da banda. Não me recordo de ver algo assim antes.

Vamos à música. Se a capa remete para os primórdios da banda, onde eram uma espécie de punk/hardcore/crossover, desses tempos a única coisa que temos no som, é mesmo a crueza da produção. E por vezes não adianta o que se faça à produção porque se a música não é apelativa, não há truques de estúdio que a possam salvar – estamos a falar de música orgânica, não de música de plástico e/ou descartável. Temos algumas boas malhas como a instrumental “El Lamento Das Cabras” com um grande feeling desert rock, banda sonora de road movie passado no Texas/México; “Weaving Spiders Come Not Here”, aquela onde menos se destaca a falta de Pepper (a par da que mencionei antes) e onde Dean consegue recapturar por breves momentos o feeling vencedor que esta banda conseguiu em álbuns como “Wiseblood”.

O grande problema é que as músicas não têm nada que se destaque, nada que nos agarre. E a prestação vocal de Mike Dean não ajuda em nada, em alguns momentos trazendo a música para baixo em vez da direcção pretendida. A banda acabou por não voltar aos primórdios sujos, que a produção e capa sugerem (e até a formação, com a ausência de Pepper) mas também não arranca em direcção a um futuro marcante (ou brilhando) ficando apenas preso a presente… confuso.

Nota: 6/10

Review por Fernando Ferreira