About Me

Soulfly - "Enslaved" Review

Max Cavalera é uma autêntica lenda viva do metal. Goste-se ou não do que o músico faz actualmente, há que reconhecer a sua importância na cena de peso mundial, graças à sua participação fundamental, em verdadeiros clássicos intemporais, como "Arise", "Chaos A.D.", ou "Beneath the Remains", dos Sepultura. Muitas vezes apenas com a morte dos músicos é que se dá o devido valor aos mesmos mas é justo reconhecer a relevância do legado de Max no metal.

O vocalista/guitarrista, como é sabido saiu dos Sepultura há década e meia e formou os seus Soulfly, construindo uma carreira sólida nesse projecto, que com este "Enslaved", já vai no 8º álbum. Os mais desatentos e aqueles que puseram os Soulfly de parte devido aos elementos nu-metal introduzidos na sonoridade da banda, provavelmente pensarão que a sonoridade da banda continua na mesma onda, mas é um facto que, actualmente, essas influências são escassas e Max seguiu um caminho inverso, acrescentou mais elementos thrash à sua sonoridade, que foi endurecendo de disco para disco e deixou praticamente de parte as experimentações. Desde o quarto álbum, "Prophecy", que o som dos Soulfly começou a ser mais Sepultura, se é que se pode dizer isso, porque são bandas diferentes e Max Cavalera nunca quis repetir o que já foi feito. Mas o sangue thrash e death dos Sepultura corre nas veias do mentor dos Soulfly, o que ficou claramente demonstrado neste novo álbum. Apesar do thrash já se ir evidenciando nos últimos trabalhos da banda, o groove do início da carreira foi sempre um elemento predominante nos temas, mas em "Enslaved", esse groove já não é o prato principal. Aqui elementos como a agressividade, intensidade e velocidade estão em grande evidência, podendo-se afirmar que este é certamente o álbum mais poderoso, ou mesmo extremo, da carreira de Soulfly. Se o som dos Soulfly que apesar de ter um cunho próprio, anteriormente se aproximava mais do que Max tinha feito em álbuns como "Chaos A.D." e "Roots", o novo disco vai mais atrás, às raízes death/thrash de "Arise". Mas não se pense que por esta comparação que foi feita mais no sentido de situar o leitor, que Max está a querer imitar os seus álbuns passados, porque nada aqui soa como uma cópia de temas anteriores. O líder dos Soulfly não é um guitarrista virtuoso, mas é um excelente compositor e ainda tem criatividade para não se repetir e não viver à custa de memórias. Como já foi dito acima, este é o mais potente álbum, dos Soulfly, mas isso significa ser o melhor? É difícil dizer, porque a banda já nos presenteou com outros álbuns fortes como "Dark Ages", "Conquer" e "Prophecy", por isso só o tempo dirá.

Talvez não estejam no novo álbum as melhores entre as melhores músicas dos Soulfly, mas é o CD com mais músicas fortes e o único sem fillers.É um facto que nos outros álbuns, haviam sempre temas que nos faziam passar à frente e este mantém o interesse do início ao final. Claro que há faixas melhores do que outras mais isso é normal. Os destaques são muitos: "World Scum", "Gladiator", "Plata O Plomo", "Redemption Of Man By God", "Legions" e "Treachery" são músicas obrigatórias no alinhamento de "Enslaved" e estão muito bem distribuidas pelo álbum.

Além de tudo isto, podemos afirmar que este line-up dos Soulfly, é o melhor com que Max Cavalera já contou neste projecto. O guitarrista Mark Rizzo é o músico que mais tempo se aguentou junto a Max neste projecto, sendo este já o seu 5º álbum nos Soulfly e justifica isso mesmo, com mais um trabalho de óptimo nível, em termos de solos, leads e efeitos originais que só ele sabe fazer. David Kinkade que já tocou nos Boknagar e Malevolent Creation, é um monstro no seu posto, um autêntico baterista de metal extremo, que deu outro poder e intensidade à sonoridade da banda, neste que é o primeiro álbum em que participa. Tony Campos, que também toca actualmente nos Ministry e Prong, assume um papel mais preponderante do que os antigos baixistas de Soufly, quer no seu intrumento, quer como nos backing vocals, ele que até usa os seus growls na parte cantada em espanhol do tema, "Plata O Plomo".

No que diz respeito a convidados, este álbum conta com o vocalista dos Cattle Decapitation, Travis Ryan, em "World Scum", encaixando que nem uma luva no poder deste tema e Dez Fafara dos Devildriver, no tema "Redemption Of Man By God", participando num interessante jogo de vozes com Max Cavalera. Em "Revengeance" participa o clã Cavalera: Richie, Igor e Zyon, enteado e dois filhos de Max, respectivamente.
Esta última música é uma espécie de homenagem a Dana Wells, enteado de Max Cavalera que foi assassinado em 1996 e é a faixa mais próxima em termos de sonoridade, com o nu-metal dos primeiros trabalhos de Soulfly.

Após três álbuns fortes, "Omen" tinha deixado um pouco a desejar, mas a banda voltou à forma e apresentou outra vitalidade em "Enslaved" e acredito que com a ajuda desta formação, Max ainda lançará mais bons álbuns, o que por si só já é de louvar, porque o músico já cá anda nestas lides desde os anos 80.

Nota: 8.3/10

Review por Mário Rodrigues