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Xandria - "Neverworld’s End" Review

Expectativas. Diz-se que são tramadas, e os Xandria que o digam. Em pleno boom de bandas de metal gótico com voz feminina, lançam Ravenheart, um grande disco do qual se destacou principalmente a capacidade da banda em elaborar boas composições, completamente direccionadas para a voz de Lisa Schaphaus-Middelhauve, senhora possuidora de uma beleza vocal estonteante, num registo cristalino muito próprio. O seguinte India, embora ainda mantivesse umas quantas canções de qualidade, já se afastava um pouco da excelência do anterior, e finalmente lançam em 2007 Salomé – The Seventh Veil, um disco recheado de momentos a pender para o medíocre, com um ou outro tema a recuperar o brilhantismo dos álbuns anteriores.

Como se as coisas não pudessem piorar mais, no ano seguinte Lisa, alegando incapacidade de continuar como frontwoman da banda, abandona o barco. Numa de tentar dar a volta à situação, os Xandria abraçam uma mudança radical, e abrem com este Neverworld’s End, uma nova página numa história que parece não ter ainda fim, ao contrário da personalidade e carácter da banda.

Sem exagero, o rumo que os Xandria tomaram neste Neverworld’s End é talvez um dos ripoffs mais descarados que tive oportunidade de ouvir nos últimos tempos, a começar pelo recrutamento da nova vocalista Manuella Kraller (ex-Haggard). O seu tom, arrepiantemente parecido com o de Tarja Turunen, mostra desde logo uma falta de imaginação enorme, e uma incrível vontade de chamar a atenção dos inúmeros fãs da finlandesa em todo o mundo. A juntar isso a banda acelerou o ritmo, ficou mais pesada, sinfónica e bombástica. Até as próprias letras deixaram de ter aquele minimalismo intimista de Lisa para passaram a abordar os campos da fantasia. Poder-se-á argumentar que já antes a banda tinha explorado este tipo de sonoridades num par de temas em India, mas nada a esta escala. Como se já não bastassem todas estas referências a banda de Tuomas Holopainen, o tema de avanço Valentine soa demasiado colado a The End Of All Hope.

Mas por mais que queira bater no ceguinho, o material contido em Neverworld’s End está longe de ser mau. Qualitativamente, alternam entre o bom que chega mesmo a roçar o legado Nightwish, e o mais corriqueiro a fazer lembrar uns Visions of Atlantis.

Diga-se que abrir o álbum logo com um épico de 7 minutos, A Prophecy Of Worlds End diz bem das pretensões da banda. A orquestra e os coros épicos dão o mote, com destaque para o refrão glorioso, e um solo de guitarra do melhor que Marco Heubaum já nos proporcionou. Seguem-se mais duas grandes malhas, a já mencionada Valentine, e Nevermore, bombásticas e sinfónicas até à medula. Ao sexto tema Soulcrusher a banda imprime um pouco mais de peso às guitarras, destacando ainda mais esta nova costela power metal, com um refrão para gritar em plenos pulmões ao vivo. As baladas The Dream Is Still Alive e A Thousand Letters são do mais lamechas que a banda alguma vez compôs, e Call of the Wind traz uma mais que bem-vinda aura celta, até porque nesta altura a formula já está tão explorada que as sensações de Déjà vu surgem repetidamente. Para culminar, um épico na tradição deste tipo de bandas sinfónicas, agradável, mas também já se ouviu bem melhor.

O crime compensou e bem desta vez, resta saber até quando esta nova sonoridade vai funcionar, e para quem ainda não ultrapassou uma tal de Anette Olzon tem aqui um belo sucedâneo. Entre a qualidade a falta de originalidade tirem as vossas próprias conclusões.

Nota: 6.5/10

Review por António Salazar Antunes