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Iron Fire – "Voyage Of The Damned" Review

O sétimo álbum do nome mais conhecido dinamarquês no que diz respeito ao Power Metal tem o nome de “Voyage Of The Damned” e tem algumas lufadas de ar fresco para quem acusavam os dinamarqueses de estarem a perder o fôlego e/ou relevância. Certamente que irá surpreender os que acompanham esta banda de perto de uns anos para cá.

Depois da intro da ordem (qualquer dia aparece um álbum sem intro e toda a gente julga que está incompleto), explode “Enter Oblivion OJ-666”, literalmente, com um ritmo alucinante e um lead viciante de teclados. A voz de Martin Steene – que teve a fama de fazer mais mal que bem – está bem mais sóbria e versátil, afastando-se do que é normal esperar do espectro típico Power Metal e aproximando-se da voz de um Jorn, por exemplo.

O ritmo da primeira música não se mantém, mas até o mid-tempo é ameaçador e a variedade vocal, em “Taken”, por exemplo, é digna de assinalar, com umas linhas gritadas que trazem dinâmica positiva à música. “Slaughter Of Souls” nesse aspecto ainda vai mais longe, já que tem a presença de Dave Ingram dos Bolt Thrower a dar um ar da sua graça. Não sei se vai tornar moda em todos os lançamentos de Power Metal haver vocalizações Death Metal, mas que tornam as coisas bem mais interessantes e intensas, isso definitivamente que torna.

O momento mais calmo surge em “The Final Odyssey” e apesar da sua beleza e construção acima da média em termos de arranjos, acaba por ser um pouco anti-climax. Provavelmente estaria melhor no final do disco. Neste momento do disco, é difícil lutar contra a vontade de carregar no botão para a próxima. E se isso for feito, a entrada de “Ten Years In Space” impede que existam arrependimentos e se volte atrás. Os níveis não chegam ao nível da “Enter Oblivion OK-666”, principalmente porque no refrão as coisas parecem que arrefecem um pouco mas assim que entra o riff inicial novamente, fica tudo esquecido, tudo fica bem.

Se uma balada sinfónica a meio do álbum, é testar a paciência, o que dizer de uma faixa épica de dez minutos que exige bem mais do ouvinte do que apenas abanar a cabeça como se não houvesse amanhã? A verdade é que se se der mais tempo e esforço para esta faixa, acaba por ser uma viagem interessante. O essencial é não perder a paciência. Mais uma vez, depois de algo mais desafiante ou diferente, temos a agressividade a vir ao de cima. Em “With Different Eyes” temos a entrega vocal de Steene mais intensa do álbum (talvez a par com a “Warmaster Of Chaos”) e um grande refrão, coisa que também por não acontecer ao longo do trabalho, o belo do refrão memorável.

É difícil considerar o que é filler ou não aqui, já que a qualidade é mesmo acima da média e pode ser uma questão de apenas insistir um pouco mais. Não sendo um álbum imediato, essa qualidade evidente faz com que se continue a insistir e antes de se dar conta, ele já entrou dentro do ouvinte. Não é o álbum esperado, nem mesmo o típico da banda (é, sem dúvida, o álbum mais pesado do grupo até hoje), também acaba por não ser um álbum extraordinário, nem é capaz de converter infiéis à causa mas é, sem dúvida, agradável de ouvir e essencial para colocar os Iron Fire no mapa das bandas a ouvir atentamente, coisa que também parecia difícil de acontecer dada a evolução da banda nos últimos álbuns.

Nota: 7.5/10

Review por Fernando Ferreira