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Headspace - "I Am Anonymous" Review

É indubitável o contributo do apelido Wakeman para o panorama da música progressiva mundial. Começando pelo pai, Rick, lendário ex teclista dos Yes, passando pelo filho mais velho, Oliver, responsável não só por preencher o lugar do pai na banda londrina, mas também por alguns projectos interessantes com Clive Nolan, e finalmente o filho mais novo Adam, integrante da banda de Ozzy Osbourne desde 2004, e fundador dos Headspace, que vêem finalmente lançada este ano a estreia I am Anonymous, 5 anos após o EP I am.

Para o ajudar nesta nova aventura, o teclista conta com a ajuda de Richard Brook que já trabalhou com nomes que vão desde Roger Daltry passando por Avril Lavigne, até ao próprio Lee Pomeroy, que ocupa a posição de baixista neste disco. A eles junta-se o guitarrista Pete Rinaldi, e Damian Wilson, antigo vocalista de Threshold, para além de habitual colaborador nos projectos de Arjen Lucassen.

Com isto embarcam numa viagem, progressiva como não poderia deixar de ser, num conceito que aborda os conflitos internos de um indivíduo, bem como a sua relação com a humanidade à sua volta. Algo que felizmente se reflecte e de que maneira na musica contida neste disco, pois há aqui muito mais do que complexos exibicionistas progressivos. I am Anonymous é um disco cheio de humanidade, e com um toque emocional muito forte, daí que a escolha de Damian Wilson para vocalista tenha sido um tiro na muche, pois poucos são os vocalistas neste espectro com tal profundidade vocal. Ou seja, para os Headspace existe lugar para a subtileza, seja em momentos mais introspectivos como Soldier, belíssimas passagens acústicas ou momentos de piano no meio de alguns temas como os curiosamente intitulados The Fall of America, e Daddy Fucking Loves You, este ultimo um épico de 15 minutos, cheio de mudanças de ritmo e de ambiências. Já o inicial Stalled Armageddon mostra-nos o lado mais sombrio da musica de Wakeman e companhia, embora tenha a curiosidade de ser porventura também o tema mais “catchy” do disco.

Em suma, uma bela estreia, e mais uma página de orgulho a escrever no legado da família Wakeman, no entanto, e embora possa ser discutível, I am Anonymous não deixa de ter o seu quê de excesso de ambição. Com 73 minutos de duração, aviso que não vai ser fácil ouvi-lo na íntegra, ainda para mais quando após a dita faixa de 15 minutos se segue uma outra de 8 e outra de quase 10. Sim, todos os temas deste disco são de qualidade, mas isso não quer dizer forçosamente que todas as partes que os constituem sejam excelentes, e especialmente nesses três temas, não deixa de passar a sensação de que se estendem em demasia. Os fanáticos do gênero não irão achar grande problema sem dúvida, já o resto…


Nota: 8.6/10


Review por António Salazar Antunes