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Venial Sin - "Sphere of Morality" Review

Se a criatividade musical, na forma de interpretação artística, estivesse apenas limitada a uma palete de brancos e negros, estas linhas talvez não tivessem oportunidade de verem a luz do dia, dada a teimosia dos Venial Sin em abordar tons mais diversos na música que compõem!

Se bem que a descrição que os acompanha biograficamente desde 2008 insista em nos fazer lembrar que as suas raízes se situam no death/black melódico, a inclusão de outros cenários estilísticos ao longo do seu crescimento, quer enquanto compositores, quer na sua qualidade de executantes, transporta-os para um patamar um pouco mais complexo e elaborado, do qual este “Sphere Of Morality” é prova viva.

Concede-se que o termo progressivo está, hoje em dia, disseminado de uma forma bastante generalizada, principalmente devido à dificuldade em encaixar certas bandas e artistas num compartimento confortável para aqueles que pretendem falar deles. As barreiras da criatividade tendem a desaparecer com relativa facilidade e a fusão de estilos é um primeiro passo para o experimentalismo difícil de catalogar. Eis que surge então o termo progressivo, a descrever bandas que podem ir desde os Cynic, aos Opeth ou mesmo passando pelos franceses Blut Aus Nord.

“Sphere Of Morality” demonstra as suas qualidades através das elaboradas redes com que são tecidos os seus seis temas. Em nenhum momento se sente que os Venial Sin optaram pelas soluções mais lineares quando se depararam com a tarefa de completar os puzzles apresentados pela composição destes temas. Louva-se a forma como arriscam o enlace entre a descarga mais poderosa e a contenção mais melódica, mas em que nenhuma delas tende a ofuscar a outra, tornando este equilíbrio saudável e propenso a que deixemos que os temas sigam o seu curso e nos mostrem que espécie de destino nos têm reservado.

O ponto de chegada pode, em certos momentos, materializar-se na forma de exercícios habitualmente desenhados pelas negras cores rasgadas de algum sinfonismo, como é o caso de ‘Vanishing Into Death’, distante da roupagem mediterrânica com que, ‘A New Rose’, o tema de abertura do disco foi presenteado! Faça-se também um ponto de referência para as diferentes vestes vocais que, à medida que se desfiam os temas, vão surgindo no cenário por eles criado, como se estivessemos a lidar com diferentes personagens envolvidas no mesmo enredo, entre o lúgubre gutural não exagerado, como dita o figurino, e o lamento ondulante que o pontua e que transparece, por exemplo, em ‘November’s Fall’, tema que tinha já surgido na demo que os Venial Sin lançaram em 2009 (“World Reset”)!

Sumariza-se a degustação de “Sphere Of Morality” com o sublinhado à aventura progressiva criada pelos Venial Sin em que, ao fim de cada minuto e por detrás de cada pedaço de música, tanto nos podem assomar os cenários de poder como as fugas de contemplação, unidos por um elo comum, na forma de um sentimento que parece ser de desassossego materializado em melodia.

Nota: 8.5/10

Review por Rui Marujo