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Les Discrets - "Ariettes Oubliéss…" Review

As expressões “post” e “shoegaze” uniram-se ao metal, com toda a dose de resistência que tal possa causar na comunidade mais convencional, assentando arraiais em terras gaulesas. É lá que o fruto dessa união se vai notabilizando, com o patrocínio de actos como Les Discrets. Fursy Teyssier, multi-instrumentalista por detrás do projecto, lançou este ano o segundo álbum de originais após uma estreia que veio reclamar crédito à indústria musical, muito por culpa da sua ligação e participação activas em Amesoeurs e, particularmente, em Alcest, por ventura o pano que mais respeito tem arrecadado dentro do género.

«Ariettes Oubliéss…» foi o nome escolhido para um disco muito aguardado pelos fãs desta mixórdia de estilos, como rock experimental e atmosférico, melancolia e “visitas de médico” às acelerações desconcertantes a roçar um Black Metal citadino (mais um corpo estranho?), que observa em segurança o rasgo ténue de luz entre as nuvens que tiram esperança à cor do bosque fronteiriço. Distribuídas por quase três quartos de hora, as oito composições interpretadas em francês, sucedem-se com uma fluidez muito aceitável, proporcionando algumas viagens muito pessoais por via das alterações rítmicas com que o senhor Teyssier nos brinda. A produção e vocais cristalinos estão na linha do que se conhece, sendo que em «Ariettes Oubliées…» as vozes limpas têm todo o protagonismo, ao contrário do que os Alcest nos oferecem, por exemplo, com as vozes cortante e sóbria a darem as mãos. Não se interprete mal as alusões a Alcest na análise ao álbum de Les Discrets. É simplesmente numa base comparativa, já que o projecto de Neige tem talvez outra projecção, sendo mais fácil ao leitor posicionar-se no contexto do disco em causa.

Poder-se-á afirmar que este lançamento é um passo bastante seguro e naturalmente evolutivo, deixando os Les Discrets num patamar interessante dentro do terreno que pretendem habitar. Para quem gosta do género, esta é uma proposta boa e sem mistérios, porém, ainda não será ela a fazer com que mentes menos abertas vejam a “luz”.

Nota: 7.5/10

Review por Carlos Fonte