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Entrevista aos Venial Sin

Após a apresentação, em 2009, da demo “World Reset”, a banda Venial Sin ressurge novamente com mais um grande trabalho, o EP “Sphere Of Morality”. A Metal Imperium esteve à conversa com Pedro Matos, guitarrista da banda.


MI- A vossa formação enquanto banda data de 2008. Em 2009 lançaram “World Reset” e no presente ano o EP “Sphere Of Morality”. O que realças de mais importante ao longo deste vosso percurso?

Antes de mais boas Maria... Neste percurso que já vem desde 2008 há a salientar o facto de termos conseguido dar um ponto de partida para a banda, materializando-o com a nossa demo caseira World Reset. Posto esse ponto de partida tivemos sempre como objectivo melhorar a nossa qualidade sonora em registo, o que se verificou com o lançamento do EP Sphere Of Morality. Demos mais concertos e estabelecemos um maior leque de contactos, o que nos tem permitido tocar em média sempre uma vez em cada mês. Se calhar não tanto como gostaríamos nesta fase mas o mais importante era mesmo poder promover o nosso trabalho e chegar ao maior número de pessoas possível.


MI- Se tivesses de definir o vosso trabalho a alguém que não o conhece, como o definirias?

Creio que num amplo espectro de sonoridades, embora dentro do Metal. Desde pitadas de rock progressivo, com um death metal bem definido que se vai moldando em atmosferas obscuras e cativantes, mas nem sempre sombrias. O essencial é mesmo o facto de este trabalho estar munido de uma grande mistura de elementos contrastantes, onde na progressividade e evolução das composições estão sempre patentes diversas divergências estilísticas, neste caso bem conseguidas da nossa parte. Todos os temas são diferentes, o que nos dá, a nós como banda uma grande sensação de missão cumprida, com Sphere Of Morality.


MI- Quais as principais dificuldades com que se depararam na criação deste EP?

Não houveram grandes dificuldades quanto ao aspecto da criação do EP. Quando fazemos o que gostamos e lhe damos o verdadeiro significado tudo parece fluir naturalmente. Claro que houve sempre momentos e nem tudo foi sempre bem conseguido, mas como já tinha afirmado numa entrevista anterior à “Metal Imperium”, que de facto este trabalho foi concebido sem pressões de “timming” ou de outro tipo. Sabíamos o que queríamos e sabíamos também que mais cedo ou mais tarde chegaria o ponto em que estaríamos a materializar o que havíamos criado na sala de ensaio. Realço o facto de termos demorado cerca de seis meses a gravar, o que confirma a nossa total tranquilidade e entrega aos Venial Sin. Seguindo o lema de vagar e bem tudo se torna mais alicerçado e coeso sendo que a pressa é inimiga da perfeição. Mas também não queremos ser perfeitos!! Apenas aproveitar ao máximo aquilo que podemos e gostamos de fazer, boas composições.


MI- Ao ouvir o vosso EP “Sphere Of Morality”, torna-se evidente, em algumas melodias, a existência de conformidades entre a vossa sonoridade e a da banda sueca Opeth. Esta semelhança acontece naturalmente ou existe algum tipo de influência?

Bem, este facto tem vindo a ser bastante comentado, até nas várias reviews que recebemos quer de Portugal, quer do estrangeiro. A questão aqui é a seguinte, é normal que as influências até possam ser relativamente as mesmas, pois no meu caso cresci, graças ao meus pais, a ouvir boa música dos anos 70 como por exemplo Camel, entre muitos outros grupos da época. Comparando, é possível para mim sugerir que Opeth também beba dessas influências dos anos 70. Mais profundamente falando, dentro do género musical Metal e dos seus seguidores, torna-se óbvio que quase todos os seguidores do Metal, não tenham muitos mais termos “bandas” a quem nos comparar do que de a banda Sueca, pois apenas ouvem metal. Se existe alguma semelhança da nossa parte de facto creio que se deve a todo o leque musical de que dispomos como ouvintes de música, que se reflecte nas composições que criamos e nunca em tentar fazer algo parecido seja com que banda for, pelo menos no que respeita a Venial Sin, que se propõe sempre a fazer algo de novo e diferente!


MI- Ainda relativamente a essas melodias, que pessoalmente considero magníficas se não mesmo viciantes, repletas de sentimento e atmosfera, o que é que vos leva a inseri-las nas vossas composições musicais. Têm algum significado especial para vocês? As faixas “Real End” e “November’s Fall” são bons exemplos disso mesmo.

Tocaste no ponto chave da questão Maria. É o que sentimos com e pela música, que nos move com músicos e pessoas. Realmente o tema “November´s Fall” foi repescado da demo exactamente por isso, pois queríamos para além de uma roupagem mais actual, que o tema continuasse a proporcionar o eco que em nós se havia criado. Uma carga emocional positiva que nos transporta para outro patamar sentimental e nos leva numa boa viagem. Quanto ao tema “Real End”, este foi de facto uma homenagem à perda do meu pai, que sempre me acompanhou e apoiou em todo o meu percurso. Algumas reviews consideraram este tema como “a pérola” do EP e creio que de facto poder-se-á dizer o mesmo. “Real End” está fortemente carregado de emoção e um grande sentimento de perda e revolta associados à minha vivência num determinado período da vida, pelo que com naturalidade isso se reflecte nas composições que criamos também como banda. Ao sermos abertos como pessoas, toda a nossa energia se espalha e reflecte em tudo o que fazemos, pois não estamos presos a preconceitos ou “más ondas” que até podem ser muitas. Para nós o principio de tudo é mesmo o gostar do que fazemos e não fazer para gostar!


MI- Pessoalmente, acredito que a origem de uma boa composição musical assenta principalmente em dois aspectos fundamentais. A criatividade na produção musical e a qualidade literária presente na letra. Não sei se concordas comigo, no entanto fala-nos do como é que este processo funcionou neste vosso EP.

Certamente que sim Maria. Uma boa letra com uma boa composição são os pontos principais. Em Sphere Of Morality tivemos sempre a ideia de abordar aspectos, quer de nós quer do mundo que nos rodeia. Obviamente que não superamos na integra a parte da escrita num ou noutro ponto, mas isto deve-se ao facto de por vezes, a composição musical pedir um certo tipo de métrica que pode estar ou não associado ao ritmo ou mesmo à melodia. Nesses pontos entra a intuição musical que vai romper com o que é considerado certo e o que não é, para a maior parte dos ouvintes e críticos. Tentamos sempre que houvesse uma preocupação acrescida nesse aspecto que se revelou superada, mas creio que será no próximo trabalho que iremos definitivamente aprimorar ainda mais.


MI- Como tem sido a receptividade de “Sphere Of Morality”. Tem superado as vossas expectativas?

A receptividade tem sido a melhor, sendo que para um EP já obtivemos muito boas críticas, dos mais variados países. Meio ano após o lançamento, estamos na eminência de esgotar o nosso stock de vendas e a Infektion Records acaba por vender mais o nosso trabalho lá fora do que aqui em Portugal. Agrada-nos bastante que isto esteja a suceder, mas também à que ter em conta que os portugueses não têm muita disponibilidade financeira para conhecer bandas novas, adquirindo logo o seu material, o que é uma pena. Sendo assim estamos contentes com este pequeno salto e foi mais um grande passo para os Venial Sin, poder também ter a sorte de nos dias de hoje estar a promover Sphere Of Morality e absorver todos os comentários que vão aparecendo nos locais por onde vamos passando.


MI- E em termos de concertos? Já têm datas agendadas?

Como referi anteriormente, temo-nos apresentado ao vivo em vários locais de Portugal, embora na nossa terra natal ainda não! Em Trás-os-Montes, dizem-nos que “o som é pesado” e cremos mesmo que ...“santos da casa não fazem milagres”. Apenas o que vem de fora é que é bom! Seguindo em frente estaremos presentes brevemente no dia 1 de Setembro no “Segredos Do Metal Fest”, primeiro evento do género realizado pela Rádio Torre de Moncorvo, o que é de louvar a meu ver. Posteriormente iremos a Espanha, Salamanca no dia 8 de Setembro a fim de realizar mais um concerto de promoção ao EP. Estamos em vias de agendar mais duas datas em Espanha ainda por confirmar e creio que regressaremos a Portugal para mais dois espectáculos até ao final do ano. Fiquem atentos pois boas surpresas podem estar a caminho!


MI- Já pensam em projectos futuros, ou de momento estão apenas focados na promoção deste EP?

Já estamos a compor algumas bases musicais para o novo registo, ainda longe de ideias definidas e imutáveis, pelo que certamente que iremos fazer uma pausa de concertos e concentráramo-nos na nossa sala de ensaio com maior frequência e viver também o lado primordial da banda. Cremos que é bastante salutar esta fase recheada de experiencias musicais enriquecedoras na sala de ensaio. Com isto não estou a dizer que Venial Sin deixará de se apresentar ao vivo, apenas não o fará com tanta frequência. Neste ponto, aqui em Portugal fazer mais torna-se utópico, sendo que compensa-nos muito mais tocar ao vivo em Espanha do que por exemplo em Lisboa.


MI- Em nome da Metal Imperium, agradeço a tua disponibilidade e simpatia com que concedeste esta entrevista. Últimas palavras para os vossos fãs.

Antes de mais tenho de agradecer mais uma vez a oportunidade que nos deram de todos os leitores poderem ficar a conhecer um pouco mais dos Venial Sin e da nossa abordagem. Pessoalmente quero enviar um forte abraço à equipa técnica da Metal Imperium e a ti em especial. Finalmente aos fãs que nos acompanham queremos deixar a mensagem seguinte: Um grande obrigado pelo vosso apoio constante que se revela de extrema importância para nós, pois apenas com público e apoiantes uma banda pode crescer. Continuem a presentear-nos com a vossa presença nos concertos e como já sabem, temos todo o prazer em comunicar através das nossas plataformas. Partilhem a nosso respeito com os amigos e conhecidos, façam-nos chegar até nós e apoiem o metal nacional. Um grande bem haja a todos!! Força...

Entrevista por Maria João Rodrigues