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Ne Obliviscaris - "Portal of I" Review

Os “Ne Obliviscaris” (expressão advinda do Latim que se pode traduzir como “Para não esquecer”) são uma banda de Melbourne na Austrália, existente já desde 2003, e que têm no seu currículo apenas uma demo datada de 2007 - “The Aurora Veil” – contendo 3 das 7 músicas deste “Portal of I”.

Tal demo concedeu-lhes um considerável estatuto de culto no underground local, contudo, na Europa e no resto do mundo, os Ne Obliviscaris eram, até agora, um dos segredos mais bem escondidos do distante continente.

Talvez devido ao estranho nome da banda, ou quem sabe devido à capa sui generis que acompanha o álbum “Portal of I” , partimos para uma audição completamente às escuras… desprovida de conceitos e expectações!

É uma árdua tarefa classificar o estilo dos Ne Obliviscaris, mas eles próprios afirmam tocar uma espécie de “Melodic Extreme Progressive Metal”. Dado a ambiguidade do conceito, e meramente intentando amparar os nossos leitores, diríamos que estamos perante Death Metal Progressivo… e que os paralelismos estilísticos com Opeth são evidentes (e porque não, com os menos conhecidos “Disillusion”)! Porém… calma.

Não se julgue que os Ne Obliviscaris são mais uma dessas bandas plagiadoras das quais não rezará a história. Muito longe disso… os Ne Obliviscaris vão, de certo modo, mais longe e com uma visão mais vasta, mais ambiciosa, mais descomprometida… incorporando na sua música elementos do dito Death Metal, mas também de Black Metal, Thrash, Prog, Jazz, Rock, Flamengo(!), Música clássica…! E o que é melhor, fazem-no com uma mestria e genialidade que não é de todo comum numa banda que está a lançar o seu primeiro álbum. Os músicos são coesos, e todos eles, sem excepção, tecnicamente superiores.

É impossível não nos maravilharmos com os mais extremos “blast beats” seguidos do mais progressivo e sublime “break”. É impossível não nos maravilharmos com as misturas de vozes guturais (ora mais marcadamente Death – graves, possantes – ora mais Black Metal – dementes, malignas) não esquecendo as vozes limpas, que tanto alargam a dimensão em que esta banda se move. É impossível não nos abismarmos com o veloz e irrepreensível “shredding” das guitarras, que desagua no mais melódico e profundamente sentido solo ou dedilhado, ou em tempestuosos e viciantes riffs. É impossível não nos maravilharmos com a classe e venenosa sedução do violino (sem duvida o instrumento mais marcante dos Ne Obliviscaris, e aquele que é utilizado de forma mais inteligente, mais… não existe outra palavra: mágica!!!). E por fim, é impossível não nos maravilharmos com o modo absurdamente genial como estes instrumentos, todos juntos, constroem autênticos Palácios onde mora a beleza e a escuridão, a melancolia e a esperança, a luz e a morte, a paixão e o desespero, a esperança e o desamparo!

Não nos atrevemos a destacar qualquer música desta obra, por entendermos ser injusto e até desprovido de sentido para com as restantes música. Todas elas encerram em si mesmas um majestoso caminho de descoberta e entrega, que não queremos viciar aos nossos leitores.

Incitamos, por tudo isto, a que se apressem a descobrir este álbum… porque é um crime o facto de uma obra desta majestosidade permanecer escondida e desconhecida.

Da nossa parte, o “Portal of I”, quase que seria escusado dizê-lo, é um dos mais fortes candidatos a álbum do ano.

Nota: 9.5/10

Review por Sérgio Carvalhais Correia