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Casketgarden - "The Estrangement Process" Review


O Danúbio foi celebrado por Joahann Strauss II há 150 anos. A valsa que exalta o rio, Danúbio Azul, é uma das composições clássicas mais conhecidas e apreciadas. Ano novo que se queira feliz não pode começar sem ver (ouvir) a Orquestra Filarmónica de Viena a executá-la com paixão, profissionalismo e devoção.

Nos nossos dias o grande rio já não é tão azul. Atravessa 10 países, algumas zonas industriais povoadas de forma densa e quatro grandes capitais: Viena, Bratislava, Budapeste e Belgrado. Não existe outro rio no mundo que banhe tantos países e tantas capitais.

Em Budapeste, nas margens do rio que valsa, nasceram os Casketgarden. O grande compositor, que lhe teceu tantas loas, ficaria certamente surpreendido com a música que é feita nas suas margens mais de cem anos após a sua morte. Nunca saberemos se ficaria agradado ou assustado se os ouvisse…

A banda tem 14 anos de existência e 4 álbuns de originais. A produção esparsa pode ser interpretada de duas formas: a banda tem pouca imaginação e produz pouco ou apenas grava quando julga ter material de qualidade. Após ouvir estes húngaros ficamos sem dúvidas: publicam álbuns sem músicas “para encher”!

Este “The Estrangement Process” é um álbum death/thrash na sua vertente mais pura. Aliás, os gostos dos membros da banda não poderiam deixar antever outro género: quando inquiridos sobre as suas predilecções, aparecem nomes como Carcass, Arch Enemy, At The Gates e bandas afins.

Neste álbum nota-se alguma concessão ao som escandinavo. A piscadela de olho surge logo na primeira música, “Black Hole Maelstrom”. O redemoinho mais famoso do mundo é formado na costa da Noruega e inspirou centenas de contos, narrativas e lendas sobre horrores sem fim, marinheiros à prova de todos os medos e monstros terríveis. A banda húngara fez um tema tempestuoso e febril que resulta bem, com uma mistura atraente de death metal melódico, hardcore e uma pitada de thrash – um excelente tema de abertura e talvez a faixa mais forte de todo o álbum.

Sempre homogéneo, o disco continua a rodar e a banda a tocar sem grandes desatinos. A influência inicial continua em todas as faixas, com destaque para a groovy "The Eternal Tremble" ou a breve mas brutal “Disgusting Soul”.

Tal como foi dito no início, a banda não fez “chouricing”: não há faixas más ou mais fracas.

Um dos bons álbuns de 2012 e uma banda a seguir com bastante atenção.

Nota: 8.0/10

Review por Pedro Cotrim