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Entrevista aos Azagatel


Cerca de uma década depois de "Nautilus", os portugueses Azagatel voltam à carga com o tão esperado "Lux-Citanea". Numa breve, mas explicativa, conversa com Hrödulf é espelhado o estado actual da banda e a temática do novo disco. É uma das bandas de culto do underground nacional e encontra agora, segundo o seu líder, o verdadeiro conceito do nome Azagatel.


M.I. - A primeira pergunta que obviamente se impõe: porquê a espera de cerca de uma década para lançar um álbum?  

Não estivemos parados e durante esse período lançámos um EP e um split, ambos passaram um pouco despercebidos devido à má distribuição do EP e por o split ter sido limitado a 150 cópias. Outro factor que não nos deixou ser mais produtivos foi a constante mudança de line-up, assim como compromissos profissionais e pessoais.


M.I. - Apesar de tudo, lançaram outro tipo de registos, mas nunca temeram cair no esquecimento?

Não, de maneira nenhuma. Sinceramente nem pensamos muito nisso. Azagatel é um hobbie para nós e, como tal, vamos fazendo as coisas conforme vai dando, sem grandes preocupações ou pressões, o objectivo primordial é estarmos satisfeitos com o resultado final. 


M.I. - Sei que o processo de nascimento de "Lux-Citanea" foi um pouco demorado. Alguma razão em especial?

Para além dos problemas que tivemos com o line-up, ajudou também o facto de não haver total disponibilidade, o que levou a fazermos as coisas faseadamente!


M.I. - Para os que não sabem ou ainda não tiveram a oportunidade de lhe pôr as mãos... Explica-nos em que consiste a edição especial de "Lux-Citanea" e se ainda está disponível para compra.

A edição especial contém um livrinho com informação sobre o panteão dos Deuses Lusitanos, um selo com um triskel e o nome do álbum, o CD e um saco em serapilheira. Tudo feito manualmente por membros da banda. A edição ainda se encontra à venda embora já só sobrem menos de metade das cópias.


M.I. - "Lux-Citanea" tem como temática o folclore luso. Será este o verdadeiro conceito de Azagatel?

Sim, sempre gostei muito de História - principalmente da Proto-História -, do que se passou por terras da Hispânia e da resistência que os romanos na altura encontraram na zona, assim como todo o misticismo da altura. Após termos abordado, em trabalhos anteriores, vários aspectos do paganismo europeu, decidimos que tinha chegado a altura de falar de nós e dos nossos antepassados. Durante a construção do "Lux-Citanea" o interesse pela matéria intensificou-se e acabou por nos levar a experimentar coisas novas, como vocalizações em Português e a inclusão de instrumentos tradicionais. Estamos todos muito satisfeitos com o resultado final, acho que no fundo encontramos o verdadeiro conceito de Azagatel!


M.I. - Arriscam a confirmar que "Lux-Citanea" é o trabalho mais pessoal, e o melhor, até à data?

Sim, mau era se dissesse o contrário. Nós, como banda, só avançamos para gravar algo quando temos a certeza que o que temos é melhor que o que fizemos no passado e quando estamos inteiramente satisfeitos com o resultado.


M.I. - Caso tenham obtido feedback de fãs ou da imprensa, achas que "Lux-Citanea" representa algo especial para aqueles que não esquecem e fomentam o paganismo português?

Pelo feedback que tenho tido, penso que sim. Já várias pessoas me abordaram a dizer que estavam à espera de um álbum com um alinhamento como o do "Lux-Citanea" há muito tempo. Por outro lado o álbum tem uma mensagem forte para quem está por dentro do assunto. 


M.I. - E outros temas, como Tolkien, será que ficaram arrumados para sempre?

Sinceramente não me vejo novamente a escrever algo baseado em Tolkien, acho que está saturado de bandas que o fazem. Sobre paganismo europeu acho bem possível que venhamos a fazê-lo.

M.I. - Quem te coloca mais respeito: Nabia ou Ataegina?

Sem dúvida que Ataegina é, tanto a nível hierárquico como de popularidade, muito mais forte que Nábia, embora a Deusa das Águas, a meu ver, tem um misticismo especial, assim como um papel bastante importante na nossa história enquanto resistentes ao Império Romano.

Entrevista por Diogo Ferreira