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GodHateCode - "Weltenschmerz" Review


Para quem não conhece colectivo austríaco intitulado GodHateCode e for apreciador de bom death metal, bruto, a roçar o grindcore, vai ficar agradavelmente surpreendido com este segundo álbum. A faixa de abertura, "Ich Bin Krieg", inicia de forma lenta e monolítica o álbum, mas sempre com carregadela no acelerador, com o blastbeat ocasional. "Feine Gaben" eleva a fasquia um pouco mais em termos de intensidade e poder. É inegável a mescla de influências e nomes que os austríacos fazem, seja na abordagem mais europeia, quer pelo som (produção a cargo do guru Dan Swanö), quer pela abordagem - não sei porquê mas Anaal Nathrakh é um nome que me veio muitas vezes à mente em certos riffs - no entanto, há também uma forte componente americana. Temas como "Beauteschema Überdruss", que fazem lembrar bandas como os Dying Fetus ou até mesmo os Cannibal Corpse (um pouco menos técnicos, é certo) ou "Der Wert" que tem um feeling Deicide.

O ponto forte é que tudo isto não é à descarada. Tudo dentro do seu contexto, tudo feito de forma natural, com razão de ser. E as letras, (se nós percebessemos alemão, seria mais fácil entender), reforçam o poder da música. A língua alemã é agressiva por natureza e quando conteúdo são temas de contestação social,tudo ganha um outro nível de força. E o mais importante, não enjoa. Consegue ter variedade suficiente para manter o ouvinte preso por quase quarenta minutos - nos dias de hoje, é obra, ainda por cima num estilo tão populado de cópias como é o de death metal. "Im Leben Nicht" tem um início antémico, como que a antever o inferno que vem por aí rebentar. Depois a "Värdighetens Avgrund" é como uma bomba napalm auditiva que destrói tudo no seu caminho e abre espaço para o surpreendente final, a contrastante faixa seguinte, "Todessog", que é pesada mas tem uma forte componente orquestral, a fazer lembrar em certos momentos os Hypocrisy, ou uns Godgory mais brutos.

Aquilo que uma faixa faz, no final de um disco. A inteligência dos GodHateCode a funcionar a seu favor e fazer com que um álbum não deixe ficar indiferente a quem o ouve. Provavelmente os típicos fãs de death metal não gosta deste tipo de experência mas a verdade que é este tipo de variedade e coragem, ou até mesmo, inconformidade, que faz com que as boas bandas se destaquem das medianas. É o que acontece com este álbum, uma bruta e honesta descarga de death metal com toques de grindcore sem palas nos olhos. Recomendado.

 

Nota: 8.5/10

Review por Fernando Ferreira