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Kamelot - "Silverthorn" Review


Álbuns clássicos como "Karma", "Epica" e "The Black Halo", fizeram com que os Kamelot se tornassem uma das maiores forças, no que ao power metal diz respeito. A partir daqui a fasquia para o género e para a própria banda ficou bastante elevada. "Ghost Opera" não agradou a toda a gente. É um óptimo álbum que continuou a evolução dos Kamelot por caminhos um pouco mais góticos e negros, que foram iniciados no magnum opus da banda, "The Black Halo", mas o grande problema foram mesmo as expectativas elevadas dos fãs. "Poetry For The Poisoned" continuou a explorar a faceta mais dark da banda e é um álbum algo mal compreendido, mas, de facto, tem um alinhamento algo inconsistente, com alguns fillers pelo caminho mas não é de todo o pior trabalho da banda, é apenas diferente, quem acha isso não deve conhecer os primeiros três CDs dos Kamelot, esses sim fracos comparados com os posteriores trabalhos dos Kamelot. É verdade que a banda melhorou de álbum para álbum, até ao seu pico que é o "The Black Halo", mas também é verdade que os Kamelot tinham de continuar a sua evolução ao invés de fazerem um The Black Halo parte 2, porque (felizmente) não são uma banda de se repetir musicalmente.

A fantástica voz de Roy Khan foi decisiva para o sucesso dos Kamelot e as suas performances únicas e cheias de sentimento, sempre foram um dos factores que distinguiram a banda das outras do género. Sendo a voz do norueguês uma das marcas da sonoridade dos Kamelot, após a sua saída era importante encontrar alguém à sua altura, alguém que conseguisse cantar os temas da banda ao vivo e cuja performance em álbum não ficasse abaixo da de Roy Khan. Era importante sobertudo encontrar alguém com um timbre aproximado ao de Khan, que não desvirtuasse o som dos Kamelot. Esta era uma missão muito complicada e muitos fãs não acreditavam que fosse possível encontrar alguém à altura do carismático vocalista norueguês. O escolhido entre imensos candidatos foi o sueco Tommy Karevik, que também empresta a sua voz à música dos Seventh Wonder. Quem conhece os Seventh Wonder, sabe que o timbre natural de Tommy Karevik é diferente do de Roy Khan e isso ainda torna mais impressionante a sua performance no novo álbum dos Kamelot, porque  o sueco conseguiu cantar durante a maior parte dos temas de um modo extremamente aproximado ao do norueguês, fazendo o ouvinte por diversos momentos esquecer-se completamente que está a escutar Kamelot sem Khan. Esse é o maior elogio que podemos fazer a Tommy Karevik, porque ao conseguir igualar a voz de Roy Khan, dá a certeza aos fãs que há futuro para a banda.

A banda de Tomas Youngblood e companhia, sabia de antemão que "Silverthorn" é um álbum decisivo para a sua carreira, por isso esmerou-se em termos de composição e performance e voltou um pouco atrás, à sonoridade mais power metal da fase intermédia da sua carreira, que lhe deu o reconhecimento como uma das melhores nesse género. A banda conseguiu um conjunto de temas forte, o melhor pós "The Black Halo", conseguindo assim um álbum claramente superior a "Poetry For The Poisoned" e um pouco melhor que "Ghost Opera". O som de "Silvertorn" não é uma evolução do que foi feito em "Poetry For The Poisoned", a banda decidiu não "inventar" e regressar ao que sabem fazer melhor. Digamos que o novo álbum podia ser perfeitamente o elo de ligação entre "The Black Halo" e "Ghost Opera", porque apresenta passagens que fazem lembrar esses discos mas ainda assim tem a sua personalidade própria. "Silverthorn" é mais melódico, uptempo e catchy do que os dois álbuns anteriores, é um grande disco capaz de recuperar alguns dos fãs perdidos nos últimos tempos mas também de agradar aos fãs mais recentes.

É difícil resistir à perfeição de uma música como "Sacrimony (The Angel Of Afterlife)"; à antémica "Torn"; à magistral combinação entre os riffs e as orquestrações do tema título; à melodia, velocidade e fantástico refrão de "Solitaire" e ao delicioso progressismo de "Prodigal Son", com os seus quase nove minutos divididos em três partes. Apesar destes temas se destacarem mais, todos são fortes e têm os seus motivos de interesse. A balada do álbum "Song For Jolee", talvez seja a música mais difícil de entrar do álbum, mas primeiro estranha-se, depois entranha-se. Essa estranheza deve-se ao facto de Tommy Karevik cantá-la mais à sua maneira do que à Roy Khan, ao contrário do que faz nas outras faixas de "Silverthorn"  mas após algumas audições já nos habituamos a ela a não destoa do resto do álbum. No entanto fica claramente abaixo das melhores baladas dos Kamelot.

O saldo de "Silverthorn" é amplamente positivo, podemos mesmo dizer que estamos perante um grande álbum. Pode não ter a espectacularidade imediata dos três álbuns mencionados na primeira frase desta crítica mas asseguramos que este é o quarto melhor trabalho dos Kamelot, o que em dez CDs e tendo em conta a qualidade dos melhores classificados, já quer dizer imenso.

Nota: 8.7/10

Review por Mário Santos Rodrigues