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Liv Kristine - "Libertine" Review


Antes de mais, convém referir que este é mais um daqueles raros caso de uma review, a um disco completamente despido de qualquer indício mais metal, mas que se justifica a inclusão neste espaço, visto a autora do álbum em questão ser nem mais nem menos que Liv Kristine, um nome bem preponderante no nascimento do metal com vozes femininas. Juntamente com os seus Theatre of Tragedy, em meados da década de 90, esta senhora teve-“os” no sitio para dar a cara e cordas vocais, numa altura em que o surgimento do estilo era pouco mais que uma miragem.

Como tal, não existe aqui qualquer tipo de antagonismo contra a norueguesa, muito pelo contrário, admiração e reverência é o que qualquer amante deste estilo deveria sentir pela pessoa em questão, mesmo quando as coisas não correm bem, como parece ser (mais uma vez) o caso.

Dito isto, e focando-nos apenas no seu trabalho a solo, este Libertine é mais uma razão para constatar que a diva continua ainda bem longe de capturar novamente a qualidade de Deus Ex Machina, o seu excelente disco de estreia. Verdade seja dita, Liv teve a personalidade e clarividência suficientes para não repetir a fórmula pop/electro/darkwave desse disco, optando por alargar os seus horizontes, explorando abordagens mais delicadas e directas, algures nas esferas da pop e da música alternativa. Mas se é verdade que essa decisão tornou Deux Ex Machina um disco especial pela sua singularidade, também convém dizer que infelizmente os discos que o procederam apresentam uma descida acentuada de qualidade.

Libertine, embora com um traço rock mais vincado que os anteriores, engloba tudo aquilo que fez de Enter My Religion um péssimo sucessor da referida estreia, e Stintight uma experiencia pouco marcante. Ou seja, um disco com insuficientes rasgos de excelência para que possa convergir os níveis de atenção suficientes, de modo a que o ouvinte consiga desfrutar plenamente da sua audição, ou sequer equacionar ouvi-lo de novo. Ainda que o lead de guitarra da faixa título seja bem incisivo, que a beleza de Silence seja contagiante, ou que a cover de Man With A Child In His Arms de Kate Bush, pareça ter sido mesmo escrita para a voz da Norueguesa. 

No entanto Libertine contem o mesmo problema que os anteriores na relação ouvinte/compositora, na medida em que o queremos odiar mas não conseguimos. Não conseguimos porque ainda assim contem o carisma e personalidade suficientes para que se possa destacar das propostas mais plásticas que surgem todos os dias neste âmbito.  

Bom ou mau, fica a ideia de que Liv Kristine é senhora daquilo que faz, e que pese embora o seu conteúdo mais directo, existe ainda uma certa relutância em querer “vender-se” totalmente, pondo sempre em destaque a sua vertente de songwritter em detrimento de layers e layers compostas apenas por zeros e uns.

Escasso ainda assim…é pena. 

Nota: 6.5/10

Review por António Salazar Antunes