About Me

Entrevista aos Omnium Gatherum




Na Metal Imperium apreciamos bandas dedicadas e que tentam ir mais além e como os finlandeses Omnium Gatherum encaixam neste perfil e estão dispostos a ir mais além com  o novo álbum “Beyond”, conversamos com o guitarrista Markus que nos elucidou sobre a fama crescente desta banda e sobre a vontade de tocar em terras lusas em breve.



M.I. – A Finlândia é conhecida pelas bandas de death metal melódico. Na tua opinião, porque é que há tantas boas bandas Finlandesas a dedicarem-se a este género?

Bem, em geral, a Finlândia e a Escandinávia estão cheias de bandas de metal. Acho que, de certo modo, é algo que faz parte da nossa natureza e está no nosso sangue. A música folclórica tradicional Finlandesa é usada numa escala menor, por isso música depressiva é parte integral do local onde nascemos e crescemos. Evidentemente, o inverno gelado influencia os finlandeses, de um modo que preferimos estar dentro de casa quando estão -20ºC lá fora, portanto é fácil compor música e ensaiar para estarmos ocupados. O clima frio certamente não nos influencia para escrever música para surfar...


M.I. – Tendes esperança de conseguir mais fãs femininas com este novo álbum? Estou-me a basear somente nas fotos promocionais que estão muito boas mesmo! Pensas que o vosso bom aspecto vos ajudará?

(Risos) Claro, sempre! As fãs femininas são sempre extremamente bem-vindas à equipa dos Omnium Gatherum! Nós nem imaginávamos que estávamos em poses super-sexy nas novas fotos mas ainda bem que gostaste!


M.I. – “Beyond” é o tema título do vosso mais recente álbum. Para além do quê? Este álbum segue a mesma onda dos antecessores ou é um ponto de viragem agora que atingiste os 10 anos de carreira (em termos de lançamentos claro!)?

Para além de tudo! Ir além das fronteiras dentro do género do death metal melódico. Ir mais além na compreensão da dualidade das pessoas e conseguir vê-las como um todo. Talvez o verdadeiro “ponto de viragem” na nossa carreira tenha sido o álbum que mais definiu a banda “The Redshift” mas voltamos a redefinirmo-nos no último “New World Shadows”. “Beyond” é a continuação lógica para “New World Shadows” pois tem o mesmo tipo de onda mas adicionamos-lhe vibrações novas. Na minha opinião, “Beyond” é o nosso álbum mais melódico e também o mais cativante até ao momento.


M.I. - O Jukka disse que o novo álbum é o melhor até agora e está cheio de canções brilhantes e obras de arte líricas. De onde retiram inspiração?

Nós já temos idade suficiente para nos inspirarmos a nós próprios, retirar o melhor e o pior de cada lançamento, processá-lo e repensá-los para s melhorarmos e manter o nosso som característico e o espírito e alma da banda. Muito frequentemente, inspiro-me em boa música, em filmes, na natureza, em tocar guitarra, nas novas letras e títulos de músicas do Jukka, no bom e no mau do dia a dia, etc. É como um triângulo entre o Jukka, eu e o artista que desenha as nossas capas, Olli – às vezes, influencio-me nas letras do jukka, outras ele influencia-se na minha música nova, outras é o Olli que pinta algo que nos influencia e depois ele faz a ilustração dos nossos álbuns com base na nossa música nova.


M.I. – “Beyond” será lançado na Europa no dia 25 de Fevereiro... no dia 9 de Janeiro, vocês postaram o primeiro teaser “New Dynamic” na internet e em apenas 24 horas foi ouvido mais de 5000 vezes e recebeu inúmeros “likes”. Estavas à espera de tudo isto? Ficaste ainda mais ansioso?

Yeah, de facto, foi ouvido mais de 10.000 durante 24 horas e isso foi surpreendente! Parece-me que esse número está a aumentar a cada instante e, escusado será dizer, estou muito contente e ansioso. Bem, temos feito todo o trabalho ao longo destes 10 anos, portanto isto não é um fenómeno que surgiu do dia para a noite. Tenho andado muito satisfeito e surpreendido por verificar que este álbum é muito desejado e antecipado pelos fãs de metal.


M.I. – Como foi o processo de gravação?

Desta vez foi muito mais demorado, pois decidimos fazer o álbum num período de tempo mais longo do que o habitual. Estivemos diariamente em estúdio durante aproximadamente um mês. O álbum foi feito entre Julho e Novembro com alguns intervalos, o que tornou todo o processo menos stressante e mais fácil, e também tivemos mais tempo para monitorizar o projecto, o que tínhamos e como soava, por isso foi mais produtivo. Posso afirmar que isso está bem patente no produto final. Usamos novamente o homem de confiança Dan Swanö na mistura e masterização e Teemu Aalto na gravação e produção. A única excepção é que desta vez gravamos a bateria no estúdio Nordic Audio Labs em Vaasa com Sami Koivisto, que tem trabalhado nos últimos álbuns dos Amorphis.


M.I. – Qual é o tema principal por trás das letras de “Beyond”?

O conceito lírico geralmente lida com a dualidade dos humanos, a humanidade, o mundo e tudo para além disso, o ver o mundo e a existência a dividirem-se em dois; a compreensão do micro e do macrocosmos. Os humanos são indivíduos e estão distantes das almas uns dos outros, mesmo daqueles a quem estamos ligados mais intimamente. Há um vazio entre cada alma, um vazio entre cada átomo, um vazio entre cada estrela.


M.I. - Olli Lappalainen foi responsável pela ilustração mais uma vez e ele é o ilustrador que tendes usado desde o início. Alguma vez consideraste a hipótese de mudar de ilustrador para ter uma perspectiva diferente?

O Olli é como um membro da banda, mas está mais ligado ao trabalho criativo. Nos primórdios dos Omnium Gatherum era ele o vocalista/guitarrista da banda e tem trabalhado na ilustração de todos os nossos trabalhos desde a primeira demo. Portanto, para responder à tua questão, não, nunca pensamos nisso! Espero que o Olli permaneça connosco até ao final. Ele é meu “irmão” e conhece a alma e espírito dos Omnium Gatherum!


M.I. - A capa é impressionante pois representa a natureza que com a sua força provoca danos e depois há a linha do horizonte onde o céu e o mar se encontram para se tornar num só... qual o significado de tudo isto? É espiritual?

Podes ver que há algo para além do mar. É esse o conceito da capa. Cada um pode tirar as suas próprias conclusões. O aspecto do mar também simboliza as nossas raízes e a nossa terra natal pois somos de Kotka, uma cidade numa ilha do sudeste da costa Finlandesa. Somos gente do mar. O mar tanto é calmo como revolto!


M.I. – Começaste a tocar na banda quando eras ainda muito jovem e és o único membro original. O que te manteve motivado para seguir em frente?

Ainda passar uns bons momentos com a banda, e cada vez é melhor! O amor pela música e a amizade! Eu tinha 15 anos quando formei o primeiro line-up dos Omnium Gatherum, por isso a banda já existe há metade da minha vida... Muito tempo!


M.I. – É uma mera coincidência que toques nos Omnium Gatherum e Insomnium e ambas as bandas toquem o mesmo género musical? Como é tocar simultaneamente em vários projectos?

Os Omnium Gatherum são a minha prioridade e primeiro amor e continuarão a sê-lo! É engraçado tocar em bandas com nomes semelhantes que tocam géneros semelhantes mas é uma pura coincidência, pelo menos o nome. Eu conheço os tipos de Insomnium há muito tempo e foi fácil juntar-me a eles, conheço-os da “cena” e portanto não foi muita coincidência que ambas as bandas toquem death metal melódico. É tudo uma questão de organização e tudo é possível. Eu adoro tocar guitarra e viajar, portanto, para mim, não há problema nenhum em tocar em mais do que uma banda.


M.I. – Como músico, qual o ponto mais alto da tua carreira até ao momento?

Os primeiros amores merecem sempre destaque: o primeiro álbum, o primeiro contrato com uma editora, o primeiro concerto no estrangeiro, o primeiro festival, a primeira tournée, a primeira posição na tabela de vendas, etc. Agora vamos para o Japão pela primeira vez com os Omnium Gatherum, por isso também será um ponto alto na lista de “primeiros amores”. Com o álbum “New World Shadows” chegamos à 5ª posição na tabela de vendas finlandesa e à 1ª posição na tabela indie, evidentemente esse foi um surpreendente ponto alto também e não foi nada mau para uma banda underground que não se deixa arrastar pelo mainstream... e conseguimos superar algumas bandas mainstream...


M.I. - Os Omnium Gatherum tocam muito ao vivo. Dirias que sois uma banda que soa melhor ao vivo ou em estúdio? Usualmente, como é a reacção do fãs perante a vossa actuação?

Posso afirmar que os OG são uma boa e energética banda ao vivo com boa camaradagem entre os músicos e damos sempre o nosso melhor! O Jukka é um frontman espectacular que consegue fazer tudo para que a audiência passe uns bons momentos. Nós adoramos mesmo tocar ao vivo e andar em tournée! 


M.I. – Nos primeiros onze dias de Fevereiro ireis andar em tournée no Japão... como é andar em tournée num país cuja cultura e costumes são tão diferentes dos europeus? Apesar de já teres andado por lá, é um sonho tornado realidade?

Esta é a primeira vez que os Omnium Gatherum vão ao Japão e com esta tournée perdemos a virgindade fora da Europa! Eu já lá estive quando toquei em Tóquio com os Insomnium no ano passado e foi espectacular e a cultura é realmente muito diferente! As pessoas são muito simpáticas e educadas e tudo funciona a 110% e os fãs são loucos e as raparigas são belíssimas! Claro que é um sonho tornado realidade!


M.I. – Tendes mais planos de tournées para promover o novo álbum? Onde gostarias de tocar e porquê?

Primeiro faremos tournées alargadas no Japão e na Finlândia. Faremos 15 datas na Finlândia portanto será uma tournée extensiva porque temos uma boa base da fãs no nosso país. Depois há planos para sermos cabeças de cartaz numa tournée pela Europa em Maio, e isso seria fixe. Gostaríamos de tocar em todo o lado, não somos selectivos. Seria muito porreiro visitar nos territórios em que ainda não tenhamos tocado, como na América do Norte e na América do Sul também.


M.I. – Dirias que és um músico com uma mente aberta que está disposto a experimentar novos sons e estilos? O que pensas de todos os subgéneros dentro do metal hoje em dia?

Siimmmm, é bom haver variedade na música e no metal, mas estou saturado de todos estes subgéneros e categorias do metal, como semi-melódico progressivo religioso pagão mitológico pirata folclórico vegan electro metal... assim não, por favor!! Prefiro simplesmente dizer que toco Metal! A música tem a ver com inventar algo novo constantemente para manter as coisas interessantes e os músicos com mentes abertas que gostam de experimentar são os que mantêm a chama do metal viva. Ainda estou à espera que em breve apareçam novos Jimi Hendrix, Edward Van Halen ou Steve Vai. Mas será mesmo possível tal acontecer?


M.I. – Se os Omnium Gatherum pudessem elaborar um cartaz de sonho, que bandas fariam parte dele?

Os Omnium Gatherum como cabeças de cartaz na Wembley Arena ao lado de Rush e Iron Maiden e os Van Halen como banda de abertura. 



M.I. – Se pudesses formar uma banda com músicos famosos (até podem ser lendas), quem escolherias para se juntar a ti?


Hmmmm, esta é difícil! Assim sendo, vou escolher os grandes. Devin Townsend & David Coverdale nas vozes, Neil Peart na bateria, Randy Rhoads (RIP) na outra guitarra, Kevin Moore no sintetizador, Geezer Butler no baixo e Avril Lavigne como groupie principal. Pode ser?


M.I. – Os Omnium Gatherum têm estado nas tabelas de vendas por toda a Europa... como é chegar a tal ponto? Quando começaste a tocar, alguma vez imaginaste que isto iria acontecer convosco e com outras bandas de metal? Poder-se-á dizer que é um triunfo do metal?

Bem, não esperava nem sonhava com tal sequer quando comecei a tocar na banda nos anos 90... O meu objectivo principal era tocar na sala 4-Theater da nossa cidade, gravar uma demo, lançá-la e que ela fosse tocada no único espectáculo old school finlandês, Metalliliitto. Fiz isso tudo, consegui alcançar os meus três principais objectivos. Tudo que consegui para além disso foi um bónus. Um bom bónus aliás.


M.I. – Os fãs portugueses estão ansiosos por ver os Omnium Gatherum ao vivo novamente. Não se esqueçam de vir cá tocar! Partilhar uma mensagem final!

Nós esperamos mesmo que a próxima tournée europeia nos permita ir a Portugal outra vez. Por favor passem a palavra! Já foi há muito tempo que tocamos aí, foi em 2007 quando andamos em tournée com os Caliban. Foi espectacular e lembro-me que a maioria dos concertos foram fantásticos e o pessoal era muito energético. Em Abril vou andar em tournée com os vossos compatriotas Moonspell, porque os Insomnium vão juntar-se a eles na tournée europeia e vai ser muito bom. Wolfheart & Irreligious! Espero que todos apreciem o álbum “Beyond” tanto quanto nós apreciamos fazê-lo. Tudo de bom para vocês. Os Omnium Gatherum saúdam-vos! 


Entrevista por Sónia Fonseca