About Me

Kongh" - "Sole Creation" Review


Com quarenta e quatro minutos em quatro músicas, os Kongh partem tudo ao terceiro álbum. Com uma intensidade impressionante, o doom aqui contido toca em vários pontos sem sequer sair do género a que se propõe. Confuso? Aqui segue uma tentativa de explicação. O doom que cumpre as regras à risca corre o perigo de se tornar enfadonho, mas o mérito de "Sole Creation" (álbum e faixa, a primeira) é de conseguir transmitir um ambiente típico do rock (principalmente rock progressivo e psicadélico) dos anos setenta sem descaracterizarem tudo aquilo que se conhece como doon metal. A comparação mais óbvia são os Yob e não é uma comparação inteiramente descabida, mas a questão é que há muito mais que os Yob nos Kongh.

Seja pelo vasto leque de referências musicais, seja pela variedade no que há entrega vocal diz respeito (desde os grunhidos mais arranhados até ao um estilo de voz limpa mais clássico - anos setenta novamente), fazendo desse um dos pontos mais altos de interesse do álbum. Claro que ter quatro faixas, onde a mais pequena tem nove minutos, vai exigir mais atenção do ouvinte do que em média este tem para música hoje em dia. Não é por acaso a referência à década de setenta, onde muita da música criada era para ser apreciada com calma e não para ser imediata. Usada e deitada fora.

Se o ouvinte encarar este álbum como um desafio, como um livro a ser lido, pensado e reflectido, a viagem que vai ter vai ser muito proveitosa e os quarenta e quatro minutos vão passar num instante. O factor épico do tema título, o factor sludge de "Tamed Brute", o factor mais doom misturado com metal extremo de "The Portals" e o factor atmosférico misturado com o feeling psicadélico, juntando e resumindo tudo aquilo que tinham mostrado nas faixas anteriores e elevando tudo a um nível mais acima. Para quem gosta de ouvir música densa, de ouvir álbuns umas dez vezes e a cada audição sentir ele a crescer dentro de si, este é o álbum indicado. Um álbum à antiga. Daqueles que já não se fazem mais. Ou que pelo menos se pensa durante algum tempo que não se fazem mais, até surgir algo como "Sole Creation".
 
Nota: 9/10

Review por Fernando Ferreira