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Reportagem: Antimatter e Kandia @ Ritz Club, Lisboa




O regresso de uma das bandas de culto do rock/dark ambient ao nosso país aconteceu na noite de cinco de Março, no Ritz Clube, tendo sido o Music Box inicialmente o espaço escolhido, alterado pela sua lotação ter sido esgotada. Uma boa alteração, já que as condições no Ritz Clube são superiores. Este regresso tão aguardado também se deveu à longa ausência dos Antimatter no que ao lançamento de álbuns originais diz respeito, havendo um espaço de cinco anos entre "Leaving Eden" e "Fear Of A Unique Identity", álbum na origem nesta tour em conjunto com Vic Anselmo.


A abertura ficou a cargo dos portuenses Kandia que impressionaram sobretudo pela voz de Nya, que mesmo com alguma aproximação ao registo de Cristian Scabbia dos Lacuna Coil, conseguiu injectar vida suficiente para encher a sala que na altura ainda se encontrava algo despida. Apoiados em pistas pré-gravadas, os Kandia reduzidos a dois elementos, Nya na voz e André na viola electro-acústica, mostraram temas do novo álbum prestes a ser gravado - do qual foi lançada uma campanha para angariação de fundos, para que esse mesmo lançamento seja efectuado de forma independente. Do tempo que tiveram disponíveis, compreensivelmente deram mais destaque ao novo álbum "Inward Beauty/Outward Reflection" com destaque para "Waste My Time", "All I Need To Know" (num registo mais electrónico) e single "Reflections", dedicada ao público lisboeta, ainda havendo tempo para uma versão de "3 Libras" dos Perfect Circle.



Não muito tempo depois, Vic Anselmo sobe ao palco, sentando-se atrás do teclado e despejando de forma inesperada sobre o público quatro temas da sua carreira a solo (oficialmente Vic não é membro dos Antimatter, apenas participou no novo álbum como vocalista), uma carreira que acenta sobretudo na sonoridade mais gótica/electrónica embora também com recurso a guitarras pesadas. É impressionante ver, ouvir e sobretudo sentir, como um som de piano e voz conseguem soar gigantes dentro de quem as escuta. De certeza de que quem não a conhecia, depois daquela noite, de certeza que pelo menos alguma curiosidade ficou. Um grande momento, inesperado, o que ainda acentuou mais o impacto.


Depois de um pequeno intervalo, Vic volta a entrar no palco, desta feita, acompanhada por Mick Moss, que acabou por ter no início um dos momentos que esteve mais comunicativo com o publico, dizendo de forma triunfante provavelmente as duas palavras que sabe dizer em português, "boa noite" e "obrigado", revelando a sua boa disposição. Começando com dois clássicos, "Over Your Shoulder" e "The Last Laugh", o público estava completamente rendido, contando também com a ajuda de Danny Cavanagh na assistência que não se conteve a elogiar a prestação do amigo em palco. Com o alinhamento espalhado por toda a discografia do grupo, um enfoque especial foi dado ao primeiro álbum "Saviour" e ao último, o já citado "Fear Of A Unique Identity", com a "Power Of Love", dos Frankie Goes To Hollywood, pelo meio. 

Para o encore ficou a versão da "Where The Wild Roses Grow", original de Nick Cave And The Bad Seeds, que contou com a participação de Kylie Minogue, uma música que o duo já toca há bastante tempo, e que Mick teve alguma dificuldade em iniciar (brincando com isso depois, afirmando a ironia de acabar de dizer que é uma música que nunca mais largaram desde a primeira vez que a tocaram e não se lembrar como começa). Depois de mais uma saída de palco, esta parecendo a definitiva pela forma como se despediram do público, este ainda reforçaram a dose de aplausos e pedidos para mais um encore, ao que o duo novamente acedeu, com Mick a afirmar de forma humorosa que seria mesmo a última porque no dia seguinte tinha que ir trabalhar. A música escolhida foi a "Working Hero", um original de John Lennon, e aquela que encerrou uma noite mágica que Lisboa teve a sorte de assistir.


Texto por Fernando Ferreira
Fotografia por Joana Soares
Agradecimentos: Prime Artists