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Soilwork - "The Living Infinite" Review


Os Soilwork começaram como uma banda de puro death metal melódico nos dois primeiros álbuns, mas foi a partir de "A Predator's Portrait" que a banda se começou a distinguir verdadeiramente, tendo adicionado clean vocals nos refrões, e sido uma das primeiras bandas a fazê-lo. "A Predator's Portrait" é um fantástico disco mas foi com "Natural Born Chaos", que a banda aprimorou a sua sonoridade ao ponto de ser o seu "magnum opus". O mais acessível mas também excelente, "Figure Number Five", mostrou uma banda a modernizar o seu som e a não querer fazer sempre o mesmo álbum mas o seguinte "Stabbing the Drama", ampliou esse estilo mais contemporâneo e acessível, porém sem o mesmo nível qualitativo, sendo apenas um bom disco, com alguns temas fortes, outros nem tanto, o que para uma banda como os Soilwork não é suficiente. 

Além disso, a sonoridade mais moderna apresentada, poderá ter desiludido alguns dos fãs mais antigos. Depois disso saiu Peter Wichers, o até então maior compositor do colectivo e a banda ressentiu-se em "Sworn to a Great Divide", um álbum que tentou recuperar um pouco o som antigo, mas que ficou algo inconsistente e com raros temas memoráveis. Wichers voltou à banda no disco seguinte, o que ajudou a banda a voltar à boa forma, e aí a banda mesclou com mestria as características que os fizeram famosos e conseguiu um óptimo álbum.

Mas o compositor de serviço saiu novamente da banda, o que fez com que as expectativas para o novo "The Living Infinite" ficassem baixas. Ainda por cima há pouco tempo foi anunciado que este iria ser um disco duplo com vinte músicas. Ninguém no seu perfeito juízo pensaria que após os Soilwork terem perdido Peter Wichers novamente e, ainda por cima com vinte músicas, este fosse um álbum forte, ou digno de estar na prateleira ao lado dos melhores álbuns da carreira. Se não conseguiram fazer um bom álbum com dez músicas sem Wichers, certamente não conseguiriam compor um álbum de vinte músicas com grandes temas e sem material para encher. Mas conseguiram!

"The Living Infinite" é um álbum repleto de grandes músicas e sem fillers, quem diria! Se houve alguém que preveu que isto iria acontecer, deveria ter ao invés disso, jogado no euromilhões porque teria sorte. É mesmo o melhor disco dos Soilwork desde "Natural Born Chaos", o que já quer dizer bastante. E, diga-se de passagem, é um álbum que pouco ou nada fica a dever aos clássicos da banda e é um dos melhores da sua já longa carreira, que já conta com nove álbuns.

Uma coisa é certa, este é o disco mais ambicioso, corajoso e variado dos Soilwork. Isto por conter vinte temas e terem tomates para fazê-lo após a perda de Wichers e por terem, além de mesclado com brilhantismo o intenso som melodeath dos primeiros álbuns, com o groove e modernidade de discos mais recentes. Além disso expandiram a sua sonoridade para outros terrenos o que, num álbum de dez músicas, possivelmente não conseguiriam.

Temos aqui músicas de death/thrash melódico moderno e com groove, típicas de Soilwork, como "Spectrum of Eternity", "This Momentary Bliss", "Long Live the Misanthrope", "Tongue" e "Rise Above the Sentiment", cada uma delas com a sua personalidade, assim como malhões velozes, poderosos e thrashy como "Let the First Wave Rise" e "Leech". A grande novidade são as passagens prog presentes em alguns temas, sendo a influência progressiva evidente, principalmente em temas como "Memories Confined" e "Whispers and Lights". Além disso ainda podemos encontrar uma música numa veia um pouco mais rock como "The Windswept Mercy", e "Owls Predict, Oracles Stand Guard", música com um andamento lento, quase a a aproximar-se do doom, sendo esta provavelmente a faixa mais negra que os Soilwork compuseram até à data. Isto são alguns exemplos da grande abrangência sonora que podemos encontrar neste trabalho.

Bjorn Strid, além de ter composto grande parte do material, é o grande destaque deste álbum, com a melhor performance da sua carreira, usando todos os seus registos vocais da melhor forma, desde os mais agrestes, à sua inconfundível voz melódica, aqui responsável por alguns dos melhores refrões da história dos Soilwork, cujo caso mais flagrante é o de "Rise Above the Sentiment". Dirk Verbeuren também se superou, com uma pedalada e pormenores fantásticos, demonstrando o grande baterista que é. A actual dupla de guitarristas Sylvain Coudret e David Andersson fez esquecer Peter Wichers e Ola Frenning, com riffs, melodias, leads e solos de belo efeito e um trabalho muito variado. O teclista Sven Karlsson e o baixista de sempre, Ola Flink, obviamente que não têm as atenções a recair sobre os mesmos, mas o primeiro até tem um trabalho mais presente e importante do que no anterior álbum, "The Panic Broadcast".

Os Soilwork desta feita conseguiram passar no teste e demonstraram que afinal têm outros incríveis compositores na banda, além de Peter Wichers. Após dezassete anos de carreira e ao nono álbum, tendo a banda passado por várias mudanças de formação, não é para todos fazer um disco destes. Talvez não estejam hoje em dia a fazer a música que está na moda do momento. Estão apenas a fazer aquilo que gostam, o que lhes apetece e que acreditam ser como devem soar os Soilwork em 2013. E com isto fizeram não um álbum de singles, mas um álbum completo cheio de motivos de interesse. Isso é que importa e vale mais do que qualquer tendência passageira.

A banda arriscou mas foi bem sucedida e irá certamente colher os frutos deste arrojado disco-duplo, destinado a ser aclamado pela crítica e pelos fãs, antigos e novos, porque há aqui algo para cada toda a gente, e até mesmo para quem nunca foi fã dos Soilwork deveria dar uma oportunidade a este álbum.


Nota: 9.1/10

Review por Mário Santos Rodrigues