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Dream Theater - "Dream Theater" Review

 

"Dream Theater" era, garantidamente, um dos álbuns mais esperados do ano com meses de expectativa sobre a capacidade de resposta que a banda teria após um "Dramatic Turn Of Events" globalmente menos favorável. A promoção foi elevada com a banda a anunciar um 'regresso ao passado', prometendo apresentar uma sonoridade bem mais complexa e mais inspirada nos primórdios do grupo.

Penso ser claro, para todos os que ouviram o álbum, que se verifica um aumento na qualidade, tanto instrumental, lírica ou de exibição do grupo, quando comparado aos dois anteriores álbuns, por exemplo. Dá a sensação de haver mais trabalho e dedicação por parte da banda neste disco, com faixas até mesmo inspiradas na 2ª Guerra Mundial, efeitos psicológicos do pós-guerra e a apresentação de músicas conceptuais como "False Awakening Suite" e "Illumination Theory". Este disco é o primeiro integralmente composto com Mike Mangini, que faz "esquecer" Mike Portnoy, e apresenta uma das melhores performances da sua carreira. Denota-se a preocupação que o grupo tem em se "exibir" instrumentalmente e mostrar que funciona bem junto, veja-se a referência à 2ª Guerra Mundial com o instrumental "The Enigma Machine" (o 1º desde "Train Of Thought" de 2003) em que Mangini, Rudess, Myung e Petrucci dão um festival de coerência, qualidade, inteligência e de complexidade instrumental numa faixa que mereceria mais três ou quatro minutos.

"The Looking Glass" e "Along for the Ride" são na minha opinião o que de menos positivo este álbum tem. Ambas poderão ser consideradas como faixas de "preenchimento", com a primeira a estar fora de todo o espírito do disco, apresentando uma vertente mais leve, melódica e muito menos complexa instrumentalmente, apesar de ser boa para as rádios e comercialmente capaz, não me parece ajustada para um álbum que se apresenta como pesado, sério e por vezes emocional. Já "Along for the Ride" faz parte do lote de baladas falhadas que são introduzidas por uma banda que não se pode considerar, propriamente, como especialista em baladas, exceptuando três ou quatro faixas lançadas há alguns anos atrás. Para além disso, o foco desta faixa vai para a voz de James LaBrie que já há alguns anos não está a 100% e à semelhança com "The Looking Glass", "Along for the Ride" não é espectacular instrumentalmente.

Em conclusão, Dream Theater apresenta um álbum bastante credível e muito bom para espectáculos ao vivo. Tem uma vertente muito séria, emocional, histórica e conceptual que já não se ouvia do icónico grupo americano há alguns anos. Mike Mangini foi incrível e mostrou que interage com a restante banda de uma forma incondicional, acrescentando um espírito e uma alma diferente que o seu antecessor. Apesar da nota apresentada abaixo não ser extraordinária, é uma pontuação sólida e que representa a melhoria face aos últimos dois discos e a esperança que o grupo continuará com a força e a energia deste "Dream Theater".

Nota: 8/10

Review por João Braga