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Gorguts - "Colored Sands" Review


É engraçado e ao mesmo tempo irónico como funciona o ser humano. Só sente falta  do  que é bom quando não o tem. Assim se pode dizer que foi o que se passou com os Gorguts, que desde 1991, quando lançou "Considered Dead", o seu primeiro álbum,  habituaram o mundo metálico a um death metal técnico de qualidade que apenas começou a ser considerado culto quando se remeteram a um hiato de álbuns originais que durou cerca de doze anos, tempo esse gasto com o projecto Negativa. Veremos como é a recepção a este "Colored Sands", que quebra o longo jejum e chama de volta a entidade canadiana, quando os Negativa decidiram.

Primeira nota, à cabeça, a cacofonia própria da bada continua imaculada, mas ela está desta vez mais refinada e, atrevo-me a dizer... melódica. Basta ouvir "Ocean Of Wisdom, que conjuga dissonâncias, com um grande solo de guitarra, ritmos death metal, uma técnica por parte do baterista absurda  e melodias no verdadeiro sentido da palavra. Num mundo bem diferente daquele que existia em 2001, aquando da edição de "From Wisdom To Hate", "Colored Sands" além de não sofrer do tempo de ausência, também não sofre da concorrência que vem de todos os quadrantes - seja de bandas com ligação ao black metal como os Deathspell Omega, seja das inúmeras bandas de deathcore que tentam cada vez mais ser mais técnicos, deixando a canção pra trás.

Parece mais do que isso, que os canadianos pegaram em tudo o que foi feito, colocaram humildemente num canto e apresentaram este álbum, dizendo, "ok, isto são vocês, agora ouçam o que temos a dizer". E quando se tem uma música como "The Battle Of Chamdo" que é basicamente uma peça de música de câmara, que tem um grande feeling de banda sonora de filme de terror / suspense / mistério à antiga. E este é apenas um detalhe da excelência deste álbum. Death metal técnico e avant-garde por parte dos mestres que mostram que apesar do silêncio, ainda são líderes e não seguidores.
 
Nota: 9/10

Review por Fernando Ferreira