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Scar for Life - "3 Minutes Alone" Review


Fundados em 2008, os Scar for Life são uma banda que prima pela assiduidade de lançamentos. Embora tenham apenas cinco anos de existência, contam já com três álbuns no cartório, o último chama-se “3 Minutes Alone” e conta com a participação de muitos convidados especiais, muitos trechos melódicos e… muitas baladas.
Ora, definir este álbum é pensar numa sandwich onde o pão é majestoso, mas o recheio não é propriamente comestível. É pensar numa equipa de futebol onde o guarda-redes e o avançado são craques, mas o resto da equipa joga nas distritais. Sumariando, a primeira e a última faixas são temas “deliciosos”, mas as canções que estão no meio não são propriamente um exemplo de uma boa alimentação. 
Desenganem-se os apologistas de que o melhor fica reservado para o fim, “Last Crow” é o melhor momento deste álbum e é, em bom da verdade, um grande momento. O riff inicial faz lembrar “Reborn” dos Slayer, temos agressividade mesclada com melodia e um refrão tão orelhudo, que ecoa compulsivamente no nosso tecto encefálico logo após a primeira audição. “Metabolic” entra num registo mais hard rock e, apesar de ter um solo bem sacado, baixa um bocado a guarda, funcionando quase como uma premonição daquilo que aí vem…
O que aí vêm é um cortejo de baladas, diferentes, mas não propriamente refrescantes. “White Shades” é melancolia em estado bruto, notam-se algumas pinceladas de uns… Placebo, mas apesar de tudo é um tema que flui bem e acaba por chamar a atenção. Segue-se “Burn it All”, uma canção que nos remete para aqueles bandas que erguem a bandeira do heavy metal em festivais da Eurovisão, ou seja, é aquele “metal para não aleijar”. “Before the Storm” e “One More Day” são duas baladas bem sentimentais, sendo que a segunda conta com uma boa participação de Anne Vitorino D’Almeida e do seu violino. Antes do regresso de Anne, temos a faixa título e “The Journey”, dois temas que mostram que a banda não é só baladas, aliás, “The Journey” acaba por ser o epítome deste álbum, tem um início auspicioso, mas vai decaindo durante a sua duração.
O álbum entra na sua parte final com… adivinharam, mais uma balada. Desta feita é “Old Man”, faixa que conta novamente com o violino de Anne, violino esse que traz uma atmosfera angelical, que emulada com a bateria de João Colaço, criam um bom momento. Para o fim, temos mais um convidado - Ged Ryland nas teclas – e a faixa mais pesada destes 56 minutos que compõem “3 Minutes Alone”. “Brave Enough” dá-nos a sensação que a banda esteve retraída durante todo o álbum e que guardou para o final esta explosão de fúria irosa. O tema é uma overdose de energia, tem pujança, tem guturais e não descura os sons redondinhos que caracterizam a música dos Scar for Life, aliás a banda nunca se desprende da vertente melódica. No entanto, fica pendente a ideia de que os guturais poderiam ser um bom condimento a juntar a esta salada de géneros utilizada pelos lisboetas.
A escolha de reportório para este álbum – metade do álbum são baladas - acaba por ser um erro de casting e torna a audição do ouvinte em algo melancólico e até um pouco supérfluo. “3 Minutes Alone” é um álbum que traz pouco de desafiante a um ouvinte de heavy metal, mas que poderá ser um pitéu para aqueles que tenham um palato mais melódico e emocional, nesse caso, este é um álbum que fará certamente parte do cardápio… 

Nota: 5.8/10

Review por Pedro Bento