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Condemnatio Cristi - "Soundtracks" Review


Analisemos o primeiro parágrafo do lançamento deste "Soundtracks" por parte dos Condemnatio Cristi, banda eslovena que lança aqui o seu segundo álbum: "Condemnatio Cristi é uma banda de metal extremo, que traz frescura única para a cena com a mistura de banda sonora de filme com black/death metal". Ora, para quem já conhece um pouco daquilo que se convenciona chamar de metal extremo, sabe que traduzindo estas palavras, o que se costuma ter é um black/death metal que costuma ter mais inspiração na descrição do som que fazem do que propriamente no som em si e "Soundtracks acaba por ser essa mesma confirmação.

A intro "Dreamside Trancing" realmente tem um feeling a banda sonora de filme épico, mas depois quando deveria aparecer algo de rompante para superar a intro, temos um "Black Water Part 1", com um som terrível, revelando apenas um black/death/gótico que nem teria lugar no underground da primeira metade da década de noventa. Qual não é o espanto que o som de "Cross For The Masses", a terceira música, é completamente diferente, poderoso e com uma boa produção (boa demais, aquela bateria tem demasiados triggers para o seu próprio bem). Qual a razão para tal diferença de produção no mesmo álbum é desconhecida, mas quando se volta ao mesmo press-release e se pode ver que o álbum foi gravado em três estúdios... não se esperava que isso se traduzisse numa música com o som completamente diferente e que essa música fosse a segunda, a primeira a ter grande destaque após uma intro bem conseguida. Se calhar é uma estratégia. Para quê, não se consegue perceber bem.

Ora, apesar da qualidade da produção subir consideráveis pontos, isso não quer dizer que o álbum subitamente fique com uma qualidade extraordinária. Os interlúdios instrumentais por perder o punch, principalmente quando surgem duas de seguida. As músicas propriamente ditas também não vão mais além do que um death/black metal sem muita inspiração. Excepção seja feita para a "Soundtrack", uma música de bonito efeito que acentua o facto de que este álbum é uma manta de retalhos, mas não deixa de ser aquela que está mais bem conseguida - embora, a bateria digital fosse completamente dispensável.

"Soundtracks" basicamente falha a tudo o que se propõe. Não mistura música extrema com música de banda sonoras de filmes. Quanto muito tem música que até poderia estar numa banda sonora de um filme (ou desenho animado. Ou jogo de computador) e música que é mais ou menos extrema (mais extremamente derivativa e pouco original). Parece ser também, a analisar pelos elementos promocionais dados, uma banda que vive sobretudo da imagem. Felizmente para certas coisas, imagem é coisa que não se tem quando se ouve música, a não ser aquelas criadas pelo ouvinte na sua própria cabeça - o que neste caso até não são muitas que surgem, tirando nos melhores momentos já mencionados, a intro "Dreamside Trancing" e a "Soundtrack".
 
Nota: 4/10

Review por Fernando Ferreira