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Gwar - "Battle Maximus" Review


Haverá algo mais irritante que ter preconceitos e ver esses mesmos preconceitos caírem inesperadamente de um momento para o outro? Os Gwar nunca foram uma banda que tivesse grande valor musical. Não é questão dizer que sempre fizeram má música. A música era apenas algo que sempre ficou para trás em relação à imagem. Ao ouvir qualquer disco da estranha banda americana sem ter acesso a imagens, a conclusão será, invarialmente "isto é perfeitamente banal". Basicamente o interesse é ver os vídeos e ver os concertos do que propriamente ouvir a música. Quando assim é, não há grande expectativa para um novo álbum. Nem muito interesse talvez. Num mundo, onde tudo o que é rock shock já foi servido pelos Kiss, Alice Cooper, Ozzy Osbourne e Marilyn Manson, dificilmente haveria razões musicais para tal. Mesmo depois da ascensão e queda dos Lordii que não foram mais do que uma cópia deslavada em termos de imagem dos Gwar - musicalmente a coisa já era diferente.

Quando a intro de "Battle Maximus" começa a soar, há um certo feeling folk a começar a tornar-se cada vez mais empolgante, com um crescendo, onde a voz tem um grande papel, e a sensação de algo de diferente se vai passar, pelo menos na forma como o álbum é recebido. "Madness At The Core Of Time" explode em grande gás, com uma vitalidade surpreendente e a fazer esquecer que este pessoal veste-se de fatiotas de carnaval para ganhar a vida. O endurecimento do som não é de agora, é certo. No início, os Gwar demonstravam grandes influências de punk, misturado com um rock alternativo sem grande brilho. No novo milénio, com a inclusão de Flattus Maximus (Cory Smoot, falecido em 2011), houve um acrescento metálico ao som da banda extra-terrestre, que não sofreu com a substituição por Pustulus Maximus (Brent Purgason dos Cannabis Corpse, curiosamente, primo de Cory).

A proximidade que temas como "Bloodbath", "I, Bonesnapper"  e "They Swallowed The Sun" têm do hardcore é impressionante, mas a garra com que os leads são debitados não se ficam atrás e depois existem temas como "Nothing Left Alive", "Raped At Birth", "Torture", ou mesmo o tema título, um instrumental de respeito (e a melhor faixa do disco definitivamente) que são simplesmente zangadas e danadas par partir pescoços em qualquer concerto ou sessão de headbanging. Ora se antes só dava vontade de os ver, sem som, por cinco minutos e mudar para outra coisa (porque até as imagens de circo cansam), agora, depois deste "Battle Maximus", dá vontade até de os ver ao vivo,  tal não é o impacto que tem. Até direito a uma pequena power ballad ("Falling") se tem, e das boas!

Não há preconceito que resista a um álbum desta qualidade, de tal forma que até fica a vontade de ouvir os álbuns que estão para trás. Um grande álbum de uma banda que talvez tenha sido sobrevalorizada no passado pela sua imagem e que talvez agora seja subvalorizada pelo seu passado - parecendo que não este é já o décimo terceiro álbum da banda. Este álbum poderá mudar muitas mentalidades e as que não conseguir mudar são as que estão fechadas de qualquer forma (ou mortas). É irritante ver os preconceitos caírem de um momento para o outro mas sabe tão bem quando isso acontece, principalmente para obras como esta.

 
Nota: 8.5/10
 
Review por Fernando Ferreira