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Naer Mataron - "Kai O Logos Sarx Egeneto" Review


Um dos nomes clássicos do black metal grego está de volta para o seu sexto álbum, um ano apenas depois do anterior trabalho. A proposta destes gregos nunca foi propriamente ortodoxa no que ao black metal diz respeito (coisa que também é comum à grande parte dos sons extremos que provêm de um dos berços da civilização moderna), mas a variedade aqui contida é algo inédito até mesmo para a discografia da banda. O início dá-se com "The Magus", um tema a mid-tempo, doom mesmo em grande parte da sua duração, com um peso apreciável, cuja produção poderoso só ajuda a que esse efeito se propague, acentue e perdure.

Como prova da variedade referida há pouco tem-se faixas com ritmo mais cadenciado como a já referida "The Magus" e a pesadona "Nightmare" (com explosão nos minuto final) a contrastar com as mais tradicionais "The Light Bearer" (de longe a melhor do disco)  e a "A Secular Pursuit Of Coffins" - a única que parece ter sido retirada dos anos noventa, directamente da Noruega, até ao nível da produção, totalmente diferente da do resto do álbum. Depois temos as épicas "Demon's Lord" (esta iniciando-se em grande pujança, mais tradicional no que ao black metal diz respeito, e passando por várias mudanças rítmicas ao longo dos seus dez minutos) e o tema título (uma experiência ritualista que parece saída de uma banda da década de sessenta de rock progressivo e psicadélico que tomou demasiado LSD quando estavam em frente aos microfones). Na mesma linha ritualista e experimental, tem-se a "Eternal Ice", uma brincadeira a que os católicos acharão de mau gosto com o tema tradicional "Silent Night, Holy Night"; a "The Hunt" - uma brincadeira com o que parecem ser taças tibetanas, ou algo parecido e a "Nyhta Pagani" que parece ser saída de um mosteiro asiático, bem estranha.

Há primeira audição, poderá dizer-se que será um álbum desequilibrado, mas também o achar apenas variado também estará certo. Dependerá sempre do ponto de vista de quem ouve, mas é sem dúvida arrojado, experimental, pouco usual e talvez por isso, um dos mais interessantes de toda a carreira da banda. Durante uma hora, os gregos conseguem levar-nos numa viagem de montanha russa que é simplesmente viciante. Pela sua estranheza, pela sua forte componente ritualista, pelo incómodo que causam, pela sua inconformidade. Surpreendente a forma como obriga a que se volte a ele, para tentar perceber mais um pouco. E são necessárias muitas audições para que se consiga perceber grande parte do que se passa aqui.
 
Nota: 8.6/10

Review por Fernando Ferreira