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Rain - "Mexican Way" Review


Não há nada melhor do que fazer críticas de álbuns de bandas que nos são totalmente desconhecidas. Ouve-se e apanha-se de tudo e os Rain são um desses casos flagrantes. Uma banda italiana que através da informação recolhida supostamente tocam hard'n'heavy. No entanto, de acordo com o press release por parte da Aural Music, o estilo tocado pela banda neste álbum é unplugged rock. Aprofundando a leitura do documento, descobrimos que a banda, depois de uma bem sucedida tour de comemoração de trinta anos de carreira, decidiram fugir ao seu som habitual e fazer um álbum acústico (espécie, porque há aqui muita distorção. Quer dizer muita, para a proporção esperada num álbum acústico) inspirado numa viagem ao México.

Então é o tema título que nos recebe neste trabalho com letras em espanhol e inglês, não deixando de ser curioso, já que são italianos. O tema é questão tem swing e até cresce dentro do ouvinte, assim como o seguinte, no entanto, quando a coisa começa a cair no lado baladesco, o entusiasmo começa a esmorecer. Não que "Eleven Days" não seja um bom tema com um bom solo, mas "Fallen Angel" já começa a abusar da sorte e de "Bet That I Lie" e "Whitemoon" nem se fala. E como se está a falar de México, viagens, teria que se ter a famosa música Christopher Cross (famosa entre os metaleiros pela cover dos Saxon) "Ride Like The Wind" que se enquadra aqui perfeitamente, embora a percussão abuse do factor sul-americano, que acaba por não favorecer a versão.

Um dos objectivos, ou pelo menos um dos efeitos indicados pelo press release, é a recriação de ambientes de filmes como "El Mariachi" e/ou "Aberto até de Madrugada", que é um  ambiente fantástico para um álbum de rock e que raramente se ouve a não ser claro em certos álbuns dos ZZ Top ou em bandas sonoras e aqui, por vezes, esse feeling até aparece como na empolgante "Tijuana Jail" que é provavelmente o melhor tema do álbum. Este é um projecto pouco usual, sem dúvida que corajoso, mas que nem sempre toca em todos os botões que deveria tocar, com demasiados temas mortos, mesmo tendo em consideração de ser um álbum unplugged. E depois uma cover de "Time Like These" dos Foo Fighters é uma piscadela de olho desenvergonhada ao comercialismo que pouco tem a ver com o espírito do álbum. Aparentemente, pelo menos.

Por vezes fazer críticas de álbuns de bandas que nos são totalmente desconhecidas provocam-nos surpresas, neste caso, uma surpresa curiosa que não passa disso, curiosidade que cedo é desfeita. Um álbum ligeiro, que não captura o espírito que se propõe mas que nem assim se pode considerar um total fracasso. Engraçado.


Nota: 6/10

Review por Fernando Ferreira