About Me

Woslom - "Evolustruction" Review


País irmão, capital do futebol, carnaval e samba. Sim, estou a falar do Brasil, palco de uma das correntes mais significativas do thrash metal. A cena brasileira é uma das mais ricas de todo o género e tem em cartel nomes como os Sepultura, Sarcófago e Attomica. Uma das mais recentes coqueluches da armada canarinha são os Woslom, que contam já com mais de uma década de existência, embora só em 2010 tenham lançado o seu primeiro álbum, “Time to Rise”, um lançamento que recebeu na altura excelentes avaliações e que colocou os paulistas no mapa do heavy metal.

Desta vez não foi preciso esperar dez anos, os Woslom voltaram a estúdio três anos após o primeiro lançamento e o resultado é francamente positivo. O que mudou? Não muita coisa. A influência dos Megadeth e Testament continua bem audível, principalmente na voz de Silvano Aguilera e basta escutarmos o refrão de “Breahless (Justice’s Fall) ” para percebermos isso. A sonoridade continua fundida em melodia e agressividade e a complexidade das canções também rubrica em sinal de presença. Contudo, nota-se uma certa maturidade que não existia no primeiro lançamento, fruto certamente da experiência que o quarteto foi tendo durante o intervalo dos dois álbuns.

Todas as oito faixas de “Evolustruction” têm o factor catchy a seu favor, o que acaba por ser uma vantagem, pois à segunda ou terceira audição já temos bagagem para fazer exercícios de futurologia com um nível de eficiência bastante acentuado. Mas “adivinhar” o que vai acontecer não é a única coisa divertida neste álbum, as guitarras são absolutamente luciféricas e tomam de assalto os nossos tímpanos, não só com riffs arrojados, bem como, e principalmente, com solos muito interessantes. Prova disso é “No Last Chance”, um dos pontos áureos do álbum, onde podemos encontrar dois solos que certamente obrigariam o Cristo Redentor a fechar os braços e fazer air guitar durante alguns instantes. No entanto, o zénite deste lançamento acaba por ser mesmo o single e faixa título, “Evolustruction”, um tema que absorve toda a atenção do ouvinte com uma variação entre palhetadas rápidas e lentas e uma prestação vocal muito competente. Resultado: uma masterpiece que fará certamente parte dos alinhamentos dos concertos dos Woslom durante muito tempo.

A desfavor dos Woslom há aquele sentimento de “eu já ouvi isto em qualquer lado”, que vai ecoando na nossa cabeça durante o álbum e, verdade seja dita, as inspirações dos brasileiros são identificáveis: na composição há certamente uma auréola sob os cabelos louros de Dave Mustaine e a voz de Aguilera poderia ser instintivamente dissecada numa fusão de Mustaine e Chuck Billy. Ainda assim, justiça seja feita, os Woslom não se colam a nenhuma das bandas e este é um factor interessante, a inspiração está lá, mas há personalidade e honestidade nas canções. 

Os Woslom têm em “Evolustruction” um dos bons álbuns que têm sido feitos no thrash durante este ano. O quarteto paulista tem a particularidade de tocar músicas complexas que, ao mesmo tempo, são fáceis de memorizar e que ficam alojadas no nosso lobo temporal durante algum tempo. Posto isto, este é um álbum que agradará aos verdadeiros fanáticos do género, mas que também fluirá bem no paladar de muitos rookies. Haja bom gosto… 

Nota: 8.0/10

Review por Pedro Bento