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Reportagem: King Dude - 7º Aniversário Amplificasom @ Passos Manuel, Porto @ 09/11/2013


Foram 7 o número de velas sopradas no passado dia 10 no cinema Passos Manuel, local escolhido para a celebração de mais um marco da já ilustre promotora portuense Amplificasom. A epopeia data de 2006, contando desde aí com um currículo invejável de bandas agendadas onde constam nomes de peso como Godflesh, Isis, Baroness, Meshuggah, Wolves In The Throne Room, Amenra, Mono e Godspeed You! Black Emperor, citando apenas alguns dos muitos exemplos que aqui poderiam ser dados... Conta também com a terceira edição do seu festival em nome próprio, o Amplifest, que tem crescido a olhos vistos, colocando o Porto e o Hard Club na rota de locais a visitar obrigatoriamente durante um fim-de-semana no mês de Outubro, por parte de todos aqueles que queiram ter toda uma experiência sensorial única e diferente.

O mestre-de-cerimónias escolhido para a ocasião foi King Dude, projecto de folk lúgubre de T.J. Cowgill, conhecido pela sua prestação em bandas de Hardcore e Black Metal tais como Teen Cthulhu e Book Of Black Earth, bem como por ser dono e criador da editora Not Just Religious Music, e da sua própria marca de roupa Actual Pain.

O concerto começou poucos minutos depois da hora marcada com uma sala bastante bem composta, e assim que ecoaram os primeiros acordes da guitarra de Dude, a mesma mergulhou num silêncio sepulcral, transportando-nos para uma cidade fantasma algures no faroeste numa noite gélida de Inverno. O set focou-se essencialmente nos dois álbuns de estúdio até agora lançados, “Love” de 2011 e “Burning Daylight” editado o ano passado, cujos temas em conjunto com a voz profunda e espectral de Cowgil ganham outra dimensão ao vivo, como se pôde ouvir em “Holy Land”, “Vision In Black”, “Jesus In The Courtyard” e “Barbara Anne”. O músico tanto nos aconchega a alma ao som da confortante melancolia de “You Can Break My Heart” e da “Cashiana” “Spiders In Her Hair”, como que possesso pelo espirito indomável de um Billy The Kid, nos assola ao som de uma “I’m Cold”, enfatizando assim as dicotomias presentes na sua música.

Na recta final ainda houve direito ao assombro em andamento fúnebre de “Pagan Eyes Over German Skies”, tema do split EP de 7’’ lançado este ano em conjunto com os holandeses Urfaust, seguindo-se de um encore a solo sem os dois músicos que o acompanharam, no qual se antecedeu uma situação algo caricata, quando o alarme de incêndio disparou por causa de um cigarro acesso por Cowgill antes daquela que é das suas mais emblemáticas composições, “Lucifer’s The Light Of The World”. “Demasiado boa para ser arruinada”, segundo as palavras de Cowgill, pelo som do alarme que prontamente foi desligado. A mesma foi cantada num uníssono algo tímido por parte do público a pedido do carismático frontman, que em todos os momentos a que se dirigiu aos presentes ao longo da actuação, fê-lo sempre com boa disposição e humor.

Em suma, não poderia haver melhor estreia e escolha por parte de Amplificasom de King Dude para comemorar o seu 7º aniversário, pois ambos partilham do facto de serem empreendedores que construíram algo apenas das suas convicções e trabalho árduo, quebrando clichés e barreiras estilísticas em prol dos seus ideais e acima de tudo, da música como um todo a ser vivenciada em pleno.  No final cantaram-se os parabéns, sopraram-se as velas e cortou-se o bolo, ficando a esperança de que esta data se volte a repetir por muitos mais anos. 


Texto por Rúben Pinho
Fotografia por Miguel Oliveira
Agradecimentos: Amplificasom