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Entrevista aos Lamia Culta


De uma banda com quatro elementos que tocava black metal sinfónico e lançou o álbum “Patra Satane” a um projecto solo composto por uma mulher envolta num dark ambient neoclássico, temos Lamia Culta e o novo álbum “Woman Scarred”, directamente do underground ucraniano. Falámos com Fosco Culto que nos revela tudo sobre as mudanças extremas em 2011, bem como os seus sonhos mais terrenos, sem nunca deixar de lado o ritualismo que comanda a sua vida.

M.I. - Lamia Culta é um projecto a solo desde 2011. Por que é que o projecto se tornou numa one-woman-band?

Porque eu vi que os tipos com quem eu tocava eram falsos, preguiçosos, sem espinha dorsal e demasiado «humanos». Pelo meu lado comecei a ser mais misantropa, desapontada e demasiado estranha… Nos últimos meses antes de lhes dizer adeus – numa forma muito rude –, os nossos ensaios trouxeram-me apenas emoções negativas.


M.I. - Tocar dark ambient era um antigo desejo ou foi o caminho escolhido quando te viste sozinha no projecto?

Não, o meu sonho era tocar black metal satânico com força e qualidade, viajar pelo mundo com concertos, ser famosa como os Watain são agora, porque eu tenho a certeza que a nossa música, estilo e ideias eram esplêndidas. Fiquei muito consternada por ter perdido a minha banda.


M.I. - Há alguma hipótese de voltares à esfera do black metal?

Depois desta perda amarga, percebi que não posso continuar a confiar nas pessoas e gastar o meu tempo com elas. Percebi que não quero liderar, não quero organizar, não quero ser manager ou produtora. Apenas aprofundei a minha dor, solidão e ódio. Quero punir aqueles que não acreditaram em mim e que não me apoiaram. Punir através desta álbum que eu fiz sem a ajuda deles.


M.I. - “Woman Scarred” é descrito como um ritual negro. Concretamente, o que é que este disco idolatra?

É um álbum dedicado ao Demónio, como em tudo o que faço na minha vida.


M.I. - Contudo, uma grande dose de sensações humanas é sentida durante esses chamados rituais. O que pensas ou esperas que possa acontecer à percepção do Homem após os rituais de Lamia Culta?

Gostaria de transmitir a energia dos meus rituais, uma atmosfera nocturna e a presença de espíritos demoníacos… O meu objectivo especial era mostrar o sublime e o sagrado. Neste momento, algumas pessoas associam mesquinharia, vulgaridade e crueldade ao Demónio. Isto não é um serviço para o Demónio, mas uma desculpa para os maus hábitos e educação pobre. Este álbum é uma punição e maldição contra os meus inimigos e uma bênção para aqueles que me apoiam, aos meus irmãos e irmãs em comunhão com o Demónio.


M.I. - É sabido que já estás a trabalhar num novo álbum. O que podes revelar sobre isso?

O próximo álbum consiste em algumas composições ao estilo do primeiro álbum – quero gravar guitarras e bateria. Também terá alguns temas de ambient. E quero adicionar uma cover de uma banda que contém uma letra muito inspiradora e correcta.


Entrevista por Diogo Ferreira