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We All Die (Laughing) - "Thoughtscanning" Review



O nome da banda é estranho. Mais normal não é o facto deste trabalho ser composto por uma única faixa, "Thoughtscan", de trinta e três minutos. Arrogância? Ego desmedido? Coragem? Ou simplesmente estupidez? Estas coisas de lançar um álbum uma única faixa ou resulta em obras de arte como "Crimson" dos Edge Of Sanity, ou poderá resultar em coisas que o tempo fez o favor de engolir e esquecer como... bem, se o tempo esqueceu, quem sou eu para me lembrar? Mesmo as bandas que fizeram músicas enormes e foram bem sucedidas, não o fizeram ao primeiro álbum e com isto voltamos ao início do parágrago. Arrogância, ego desmedido, coragem ou estupidez pura e simples?

Tem que se confessar que é difícil captar a música toda de uma vez só, mas tal não acontece pela falta de ganchos. Aliás, a melodia do início  é a principal razão de isto ser tão bom. Ops, lá se foi a surpresa, mas, sim, é verdade, isto é mesmo bom. É daqueles casos em que se mistura tudo e tudo faz sentido. Quando a descrição é Avant-garde Progressive Metal, é sempre de ficar com o pé atrás, porque normalmente são bandas que tenta ir a todo o lado e não saem do mesmo sentido, ficando apenas com ameaças de ir a alguns sítios. Aqui temos metal extremo, misturado com uma espécie de doom melancólico com direito a solos de guitarra cheios de feeling, próprias de uma improvisação tímida de blues, junto a arranjos de teclados que misturados com um clarinete (ou outro instrumento de sopro com som semelhante), por vezes com pedal duplo e quase-blastbeats nas suas fundações, seguidos por riffs que poderiam estar num álbum de black metal que serve de introdução para um lead de guitarra a entoar uma melodia macabra com efeito de pedal wah, desaguando num crescendo épico e em mais um sessão de pedal duplo e de black/death metal, com piano a acompanhar, para depois voltar à melodia do início, acrescentando um teclado em tom de conclusão, e voltando à distorção e à porrada antes de voltar novamente à melodia e finalmente acabar com a frase "The Living Shell".

Estes foram os momentos mais significantes mas poderei ter-me esquecido de algum. Não é relevante. O que interessa realmente é que a cada audição, o tema torna-se mais viciante. A cada uma nova, descobre-se mais pormenores, as coisas tornam-se mais claras e o apreço pelo trabalho também. Não será um álbum que vá chamar a atenção (comercialmente falando) pelo simples facto de ter uma faixa com mais de trinta minutos, mas de qualquer forma, é a prova de uma banda (na verdade um duo, composto por um belga - Déhà, responsável por todos os instrumentos e pela voz, participando em quase tantas bandas como os números de álbuns dos Rolling Stones - e um francês (Arnaud Strobl, vocalista de bandas como Carnival In Coal e 6:33) que acredita em si o suficiente para lançar o seu primeiro trabalho neste formato. Uma enorme surpresa que de certeza agradará todos aqueles com mente aberta e que gostam da sua música desafiante. A edição digital vem com uma faixa bónus da forma da cover de Amy Winehouse, "Back To Black", à qual não tivemos acesso. Estreia do ano?


Nota: 9/10

Review por Fernando Ferreira