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Archspire - "The Lucid Collective" Review


Death metal técnico canadiano nem sempre é sinónimo de alta qualidade. Esta é uma forma de condicionar logo à partida os mais preguiçosos, aqueles que olham unicamente para a nota das reviews e vêem o texto na diagonal mas é uma verdade absoluta. O Canadá tornou-se na década passada e continuou nesta como uma potência no que diz respeito ao death metal técnico mas é inegável que o género há muito se cercou a si próprio num beco sem saída onde cada nova banda que aparece, vem com o intuito de tocar o mais rápido e a maior quantidade de notas possível em cerca de quatro minutos - por vezes até mais que isso, desafiando a paciência daqueles que os ouvem. O deathcore não veio trazer mais interesse a este dilema. Pegando na questão do beco sem saída, é como se enfiasse uma série de elementos desinteressantes a um beco sobrepovoado, mas essas já são outras histórias.

Não é um género de fácil assimilação, é certo, e há por aí muita coisa prepotente, a complicar música desnecessariamente, que fazem com que se esqueça toda a grande música que o género e a sua subdivisão canadiana tem oferecido nos últimos tempos, mas no caso deste segundo álbum dos Archspire, a rasteira acaba por ser grande. No início, com o primeiro tema "Lucid Collective Somnambulation", o pensamento de "mais uma seca" aparece mas aos poucos vai desaparecendo, assim que se começa a reparar que os Archspire não são rápidos apenas para serem rápidos e que não são complicados apenas para serem complicados. Principalmente a partir de "Plague Of AM" e de "Fathom Infinite Depth", fica-se com essa certeza de forma absoluta.

Técnica, bom gosto e principalmente grandes músicas, que conseguem juntar melodia (sim, melodia. Não é a melodia que se espera de uma música metalcore, mas melodia apreciável, sempre com um certo toque jazzístico ou com um ambiente progressivo. Como já disse atrás, este álbum prega uma rasteira. Não é o que aparenta, nem tem o tempo que aparenta. Os menos atentos poderão dizer que tem trinta e quatro minutos mas na verdade tem sessenta minutos, porque ao acabar de ouvir automaticamente coloca-se para ouvir novamente. É um álbum que merece essa atenção e esse cuidado, é um álbum que exige isso. Talvez a estreia não tenha sido nada que se demarcasse dos demais, mas este álbum... é uma bomba canadiana de death metal técnico. Mais uma.


Nota: 8.7/10

Review por Fernando Ferreira