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Karnivore - "In The Halls Of The Wicked" Review


"Under Ground" abana o chão de forma violenta, mostrando que os suecos Karnivore não estão para brincadeiras com este segundo trabalho, distanciando-se consideravelmente da estreia de há dois anos atrás, que era um death/thrash, apesar de bom, nada de muito empolgante. Aqui as coisas mudam de figura e para melhor. Há um considerável enegrecer da sonoridade e tal metamorfose é sem dúvida positiva. Há um certo feeling black metal mais característico da Noruega do que propriamente da Suécia que percorre todo o álbum - a "Feast Upon The Living" por exemplo tem uma melodia completamente viciante no riff principal.

Embora o mesmo odor a black metal thrashado norueguês esteja impregnado em todos os temas, há dinâmica entre eles de forma a que estes quarenta minutos sejam do mais interessante - e até surpreendente - que o estilo ofereceu nos últimos tempos. Uma faixa como "An Era Of Decay" começa num mid tempo ameçador em que depois começa a aumentar a velocidade, com riffs viciantes, andando nisto ao longo de quase sete minutos. Tudo isto mantendo uma simplicidade desarmante - outra das características deste trabalho - conseguindo ser refinado sem ser muito complicado, sendo simples sem serem básicos. "The Warden", por exemplo, é um hino tão grande que faz confusão como é que ainda ninguém a compôs de há vinte anos para cá.

Numa altura em que os Dimmu Borgir já não lançam nada de relevante faz alguns anos e os Cradle of Filth já não são o que eram, é irónico que surja uma banda ao segundo álbum, um power trio, que apresente mais poder instrumental com apenas guitarra, baixo e bateria, sem grandes teatralidades, sem um segundo de teclados que seja. Se as mencionadas bandas atrás apresentassem metade do que se ouve aqui, as coisas seriam bem diferentes no chamado black metal melódico ou sinfónico. Mas os Karnivore são uma banda totalmente diferente e que agradará talvez aos mesmos fãs do género e de certeza a outros que gostam de coisas mais agrestes. Uma grande e agradável surpresa, para ouvir que nem um condenado.


Nota: 8.6/10

Review por Fernando Ferreira