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Trollfest - "Kaptein Kaos" Review


O que é que se pode esperar de uma banda chamada Trollfest, que canta numa língua inventada (uma mistura de norueguês e alemão) e usa saxofone, acordeão e banjo nas suas músicas? Festa rija! Imaginem uma trupe circense saída do filme «Big Fish», mas em ácidos. Foi a primeira coisa que me lembrei quando ouvi este «Kaptein Kaos».
Se é verdade que este álbum tem muita coisa que agradará ao típico fanático do folk, também não é menos verdade que estas treze faixas têm alguns problemas. O primeiro é a repetição excessiva que preenche muitas das músicas aqui presentes. Tudo bem que neste tipo de sonoridades é importante haver repetições para que as músicas se tornem familiares ao ouvinte, mas a repetição de sons e versos líricos é um exagero aqui. Basta ouvir a faixa título, «Kaptein Kaos», ou «Die Grosse Echsen» para notar isso. Outro problema é a utilização massiva de sons típicos de uma tarde de circo. Está mais que provado que o peso e tenacidade do heavy metal se conseguem adaptar às mais diversas variantes musicais (desde as electrónicas até às tradicionais), mas esta toada de circo não cai aqui muito bem. O último problema é o travão que os Trollfest fazem muitas vezes ao longo do álbum, às vezes até com a inclusão de sons latinos («Solskinnsmedisin») ou com faixas como «Renkespill», em que se nota uns traços da cultura oriental (India?).
 
Ainda assim, os momentos altos tentam fazer esquecer estas três pechas. A grande valia dos nórdicos faz-se pela trovoada épica que emprestam às suas canções. «Vulkan» é a malha que mais se cola à memória, mas outras como «Ave Maria» ou «Døden banker på» são também sinónimo de pé-eléctrico. «Seduction Suite No.21» e «Sagn Om Stein» marcam um compasso mais lento, mas igualmente épico (a segunda tem um refrão portentoso). Para terminar, destaque também para a faixa de abertura, «Trolltramp», que faz lembrar em larga escala os americanos Nekrogoblikon, talvez por culpa do uso do xilofone, ainda que esta faixa não tenha a energia e qualidade que os americanos demonstram.
Às vezes parece que o simples uso de instrumentos folk é o bastante para conseguir criar grandes hinos de metal. Existem canções que fazem parecer isso verdade, mas só fazem parecer. Este «Kaptein Kaos» é mais uma prova (o último dos Ensiferum é outra prova) de que fazer bom folk metal exige mais do que um violino ou um saxofone tocado «como se estivéssemos em euforia». Este álbum tem os seus momentos, mas acaba por ser só isso. Se isto fosse futebol, a equipa era má, mas tinha algumas boas individualidades. Como não é futebol, é apenas um álbum com os seus momentos. 

Nota: 6.4/10

Review por Pedro Bento