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Winger - "Better Days Comin'" Review


A Frontiers não consegue ficar muito tempo sem lançar um álbum clássico de hard rock, desta feita, trazendo a público mais um álbum dos Winger, banda que depois de um tremendo sucesso com os seus dois primeiros álbuns caiu no fosso, principalmente pela perseguição feita pelo programa "Beavis & Butthead", que levou a que todos se afastassem da banda como se esta fosse a portadora de lepra. Também contribuiu para isso o que aconteceu com quase todas as bandas de glam hard rock dos anos oitenta, foram praticamente enterradas pelo grunge ou rock alternativo.

Independentemente de criativamente o estilo estar um pouco esgotado e de haver muitas bandas que não tinham o talento que justificasse o sucesso que tinham, os Winger sempre foram um poço de talento, a começar no seu líder, Kip Winger, a passar por Rod Morgenstein (baterista de topo, mais conhecido pelo seu trabalho nos Dixie Dregs) e acabar em Reb Beach (um guitarrista fenomenal que já passou por bandas como Dokken, Whitesnake e claro, brilhando também a solo e no super projecto The Mob, com Doug Pinnick (King's X) e Kelly Keagy (Night Ranger)). Como a história não reza dos fracos e o mundo não pára de rodar, os Winger acabaram, voltando já no novo milénio, com uma reunião de todos os membros originais. Com este "Better Days Comin'", já faz três o número de álbuns após a reunião e banda solta música cá para fora como se os anos noventa não tivessem acontecido.

Nos primeiros temas, principalmente no de abertura, "Midnight Driver Of A Love Machine", o rock é contagiante. O feeling hard rock melódico, tipico da década de oitenta, cativa mesmo aqueles que não se lembra da época em questão e aliado a um nível instrumental de um outro mundo, faz com que este trabalho prometesse níveis altíssimos de entusiasmo mas a verdade é que aos poucos esse entusiasmo vai esmorecendo. O tema título mistura funk à equação e até resulta bem mas "Tin Soldier" não é tão eficaz nas melodias e "Ever Wonder" aborrece de morte, no papel da balada azeiteira - tinha que haver uma, já se estava preparado psicologicamente para tal. Com duas a coisa tornou-se mais complicada, mas "Be wHo You Are, Now" até nem irrita tanto assim.

A partir deste ponto, a coisa já não flui tão bem e embora a toada continue a ser roqueira, não há propriamente aquele fogo que os primeiros três temas soltaram, fazendo que o balanço final do álbum seja um pouco misto, um pouco mais frio do que o desejável. Níveis técnicos altíssimos onde, claro, Reb Beach brilha mas sem usar as músicas como veículo de mostrar a sua habilidade. É pena é que o resultado pareça que faça justiça ao talento evidente de todos os músicos envolvidos. Uma espécie de passo ao lado, se é que não foi um passo atrás.


Nota: 6.4/10

Review por Fernando Ferreira