E é altura para me estrear na famosa combinação 2 em 1, ou seja, na crítica não de um, mas sim de dois 2 álbuns, neste caso, chega-me o famoso registo digital duplo e em formato de reedição. Os Holandeses Phlebotomized não são de todo desconhecidos para a maioria das pessoas minimamente atentas e apesar de, actualmente, estarem no activo, já lá vai algum tempo desde o último registo de originais, porém como deixaram um forte cunho musical no passado, a sua presença é bem saudada e não me admiraria de os voltar a ver de regresso aos discos muito brevemente. Esta edição presenteada pela HammerHeart Records procura satisfazer necessidades de procura acima de tudo para o primeiro álbum da banda, o “Immense Intense Suspense” e por incrível que se pareça justifica-se na íntegra. Sacia-se a fome de quem anda à procura deste item de coleção e disponibiliza-se um marco de vulto para todos os apreciadores de Doom que ainda não conhecem esta peça de arte musical. Por outro lado, a editora e a banda decidiram enriquecer este lançamento colocando o segundo álbum da banda intitulado de “Skycontact” como bónus, porém, aqui, somos confrontados com uma realidade musical bem diferente, mas já lá iremos. Contudo, tudo está devidamente remasterizado e com uma excelente qualidade sonora.
Formados em 1991, após algumas demos, os Phlebotomized estreiam-se em 1994 com o muito aplaudido “Immense Intense Suspense”. Explorando um Death Doom em crescimento por toda a Europa, com bandas como os My Dying Bride, Anathema, e Paradise Lost a liderarem a primeira linha do mediatismo Doomico, os Phlebotomized conseguiram desconstruir uma sonoridade praticamente tipificada e introduzir-lhe variações que elevariam o seu nome bem alto. É sem dúvida um desafio auditivo assimilar esta obra, uma vez que à origem sonora do Doom Death foram integrados elementos progressivos, ambientais, atmosféricos e ultra brutais, tudo numa só combinação, tocada de forma exemplar e cativante. Avantgarde é a palavra que sumariza este trabalho porque parte o simples em pedaços voltando a juntá-los para algo ainda mais grandioso. Esta facilidade em transitar entre as melodias melosas, ritmos poderosos e imensamente pesados, instrumentalmente e vocalmente falando, marca todo este trabalho e certamente não passa despercebido. Oiçam-no, assim que puderem, porque actualmente não existem muitas bandas ou melhor, arrisco-me dizer que, praticamente não haverão bandas a explorar esta sonoridade. Há aqui um certo deja vu Sueco nas composições é um facto, mas “Immense Intense Suspense” é, acima de tudo, um disco encorpado e adornado de fantasia, mistério e magia!
Se a review tivesse que terminar aqui podem ter a certeza que poderiam ver atribuída uma boa nota final, mas eis que, quando ainda estamos suspensos e a divagar por este assalto musical, nos aparece o “Skycontact”. Este segundo disco da carreira dos Phlebotomized data de 1997 e, infelizmente, assiste-se ao rompimento do elo com o anterior disco de forma violenta. Adoptando uma mistura demasiadamente heterógênea, os Phlebotomized quase que perdem a sua personalidade inicial enveredando pelos caminhos de um pop rock metalizado e sintetizado, com passagens aludindo ao grunge inclusivamente. De facto, não é fácil imaginar que estamos face à mesma banda que anteriormente falamos. Comercialmente, “Skycontact” está muito mais acessível, embora musicalmente muito mais pobre.
Este lançamento vale, principalmente, pela parte do “Immense Intense Suspense”, por isso considerem o Skycontact”como um acidente de percurso e aproveitem o melhor possível os 49 minutos que ocupam a primeira parte desta reedição.
Nota: 7.5/10
Review por Pedro Pedra
