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Dario Mars And The Guillotines - "Black Soul" Review


Ok, isto é estranho. Acordámos na década errada outra vez? É algo que por acaso tem acontecido com alguma frequência nos últimos tempos, onde certos álbuns parece que foram feitos noutros anos já idos. No entanto, nenhum nos colocou tanto nos anos sessenta como este "Black Soul". Nem nos anos sessenta nem num filme do Tarantino. É conhecido o bom gosto musical do realizador e também em como ele anda sempre à procura de novas bandas e músicas. Caso ele tome conhecimento dos Dario Mars And The Guillotines é possível que use toda a sua música sempre possa. Temos garage rock misturado com um feeling de surf music, sem falar de psycho/rockabilly, rock psicadélico, isto tudo movido a várias vozes, onde uma delas faz mesmo lembrar o saudoso Bon Scott dos AC-DC.

Poderá parecer uma mistura estranha mas resulta na perfeição. É impossível não bater o pé com a "The Day I Died" ou não pensar num qualquer filme da década de setenta (ou do Tarantino, vai dar ao mesmo) a ouvir a "How The Story Goes". Além de parecer estranho, parecerá incrível quando se souber que por trás deste projecto está um prodígio musical belga que se juntou a um prodígio musical polaco. Renaud Mayeur ganhou muita experiência a escrever bandas sonoras, onde ganhou até um prémio em Cannes, pelo filme "El Dorado" (que surpresa), e em diversos projectos musicais. Formou este projecto no ano passado, onde compôs e gravou mais de vinte músicas, onde doze delas estão aqui representadas. Contou com a ajuda do multi-instrumentalista David Kostman (no baixo, coros e piano) nos arranjos das músicas e ainda com Bineta Saware (a tal lembrança de Bon Scott) na voz, cheia de feeling e Vincenzo Capizzi na bateria. Esta foi a equipa vencedora para as doze músicas produzidas e misturadas pelo próprio Renaud.

É um álbum surpreendente, quer pelo seu som estupidamente analógico, quer por todas as imagens que transporta, imagens de filmes já filmados e por filmar, mas principalmente pela alma que evoca dentro do ouvinte - que esteja de espírito aberto para tal, claro - de música imortal, de filmes e personagens imortais. Ou seja, é pura magia. O poder da música, é o poder que tem de levar o ouvinte a outros sítios. É a droga saudável porque activa mecanismos naturais no organismo que fazem com que o ser humano se conecte a outros estados de consciência. Não é para todos, é certo, mas aqueles que têm sorte de entrar nesta frequência... que viagem! Um grande e enorme vício que provavelmente provocará reacções de amor/ódio por entre os apreciadores de metal, mais conhecidos por terem tanto o espírito aberto, como fechado.


Nota: 9/10

Review por Fernando Ferreira