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Hannes Grossmann - "The Radial Covenant" Review


Ora aí está algo que não se vê todos os dias. Trabalho a solo de um baterista. Hannes Grossmann é o baterista dos Obscura, mais conhecidos pelo seu death metal técnico e com toques de progressivo. A figura central do projecto é mesmo o baterista que além de dominar a bateria também empresta o seu talento às guitarras e por falar em emprestar, “The Radial Covenant” é cheio de convidados de luxo e de peso onde se destaca V. Santura, guitarrista dos Triptykonm, na voz e na mistura e masterização do álbum; Morean dos Dark Fortress na voz e guitarras na “Solar Fire Cells”; Jeff Loomis com um solo de guitarra na “The Voyager” em conjunto com Ron Jarzombek dos Watchtower; os companheiros dos Obscura Linus Klausenitzer no baixo e Christian Münzener com um solo de guitarra na “Alien Utopia”; Danny Tunker (dos Aborted) com um solo na “The Sorcerer” e ainda Per Nilsson dos Scar Symmetry com um solo na “The Radial Covenant, Part II”.

Sendo que as pessoas envolvidas são todas mestres dos instrumentos, não é admirar que se tenha algo na onda daquilo que se apresenta aqui, death metal técnico que não esquece o groove nem, claro, a técnica. Mas isso nem o facto decisivo de “The Radial Covenant”. O que realmente surpreende é que o álbum foi escrito totalmente por Hannes Grossmann, desde as letras e linhas vocais até aos ritmos de guitarra. Nota após nota, arranjo após arranjo, este é o bebé de Hannes. E depois de ouvir malhões como a instrumental “The Voyager” fica bem perceptível o uso do termo mas é com o épico tema título que o queixo definitivamente fica caído, um tema enorme no que diz respeito à qualidade e que reúne todos os adjectivos que possam ser empregues em relação ao álbum.

A fusão de peso e melodia é feita com uma mestria incrível e mais do que mostrar de que se sabe tocar muito ou usar refrões apelativos para que seja consumido e deitado fora passado uma semana, a preocupação aqui é para fazer grandes músicas, de qualidade superior e é isso mesmo que é atingido. Se é verdade que não se ouvem falar de trabalhos a solo, pelo menos dignos de nota, de bateristas, este também prova de que agora há uma barreira a ser superada, uma barreira quase intransponível já que este trabalho é monstruoso, no bom sentido, claro. E mais do que isso, também é a prova de que quando se quer e se tem confiança nas suas próprias capacidades, a obra surge. Neste caso, o financiamento veio de uma crowd funding que superou o objectivo inicial. A história de sucesso que as editoras não querem ouvir e também um evidente sinal dos tempos.


Nota: 9/10


Review por Fernando Ferreira