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Immoral Hazard - "Convulsion" Review


À primeira vista, esta é mais uma banda de thrash metal, nascida na Europa, com influências de meia dúzia de bandas oldschool, à procura de algum espaço no já saturado cenário metálico. Mas… não julguemos um livro pela capa. Apesar de ainda estarem à procura do primeiro contrato discográfico, os Immoral Hazard, ao contrário da grande maioria das “novas bandas de thrash”, demonstram já uma identidade própria, assente em influências bem díspares, que resulta num som sólido e maduro, se tivermos em conta que este é o álbum de estreia da banda grega.

Em “Convulsion”, os gregos não caem no cliché do thrash “fast and furious” e o reportório, sem ser totalmente variado, tem os seus momentos bem definidos: parte do álbum preenche-se de típicas malhas velozes e agressivas e a parte restante (mais pequena) desenvolve-se numa sonoridade mais lenta, a fazer lembrar os Slayer de Seasons in the Abyss. Como era previsível, a maioria das canções pautam-se pela velocidade e tenacidade do thrash per se, com “Pitch Black” e “Haven” em evidência pela forma forte e interessante como abrem e fecham, respectivamente, o álbum. A julgar pela energia destas duas faixas, era de esperar que aquilo que está entre a primeira e última canção fosse semelhante, mas não é isso que acontece e ainda bem. Malhas como “Reborn” (traz à memória “Dead Skin Mask”), Dead End Trails ou “Vultures Dance” mostram um som bem mais melódico e aliciante e pode ser este o registo que permita à banda distinguir-se daquilo que vulgarmente é feito no thrash. “Vultures Dance” acaba por ser mesmo o momento zen deste álbum, baloiçando entre a agressividade e a melancolia, sempre bela, sem nunca deixar de fazer sentido. A aposta em canções com traços progressivos assentaria que nem uma luva na sonoridade dos Immoral Hazard e, se forem precisas provas, basta ouvir esta “Vultures Dance” para ficar com essa ideia.

Outra mais-valia dos gregos é a voz de Teo, que faz lembrar Ben Ward quando este estava nos Ravens Creed. O helénico tem pujança para as malhas mais esfuziantes, mas é nas canções mais lentas e melancólicas que Teo mostra realmente toda a sua qualidade. De resto, é nesse registo mais melódico que a banda mostra mais credenciais. Sem que este disco seja um álbum extraordinário, existem aqui sinais mais que suficientes para ficar atento ao desenvolvimento que este projecto vai ter. “Convulsion” é uma oferta muito mais atractiva do que, por exemplo, o novo álbum dos também gregos Suicidal Angels e isso, por si só, já é significativo do valor que os Immoral Hazard revelam. A identidade e a qualidade já lá estão. Se os gregos souberem moldar a sua música em redor daquilo em que realmente são bons (a progressividade), irão certamente fazer-se ouvir bem mais alto e para muito mais gente. Assim os deuses queiram… 

Nota: 7.7/10

Review por Pedro Bento