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Entrevista aos Will The Thrill

Seis anos depois do álbum de estreia “Thanks For The Support”, os norte-Americanos Will The Thrill estão de volta com o segundo longa-duração “Sorry To Disappoint Ya”, lançado no verão deste ano! Numa conversa longa e amena, o mentor da banda, Willie Aguilar, abriu-nos o seu lado mais pessoal ao falar-nos de tudo aquilo por que passou para atingir os seus objectivos presentes, assim como, claro, tudo aquilo que melhor o faz sentir sobre o no novo trabalho “Sorry To Disappoint Ya”.


M.I. - O que vos fez demorar seis anos para lançar o sucessor de “Thanks For The Support”?

Isso é… Uma boa questão. É duro, mas vou ser honesto. O álbum “Thanks For The Support” levou quatros anos a ser feito. Comecei em Hollywood, Califórnia, e acabei em Milwaukee, Wisconsin. Por várias vezes que a vida meteu-se pelo meio. Tive que parar, começar, mandar tudo fora e começar outra vez… Percebi que não podia fazê-lo sozinho. Encontrei tudo o que precisava para fazer o álbum quando vivi em Milwaukee. Encontrei o Joel Wanasek (Righteous Vendetta, Vinyl Theater) para produzir o disco e o meu grande amigo Ed Sutton para tocar bateria – das bandas 7th Kind, Maven e The Lovejoys. Adoro o álbum. Mas quando ficou feito, a minha vida mudou para pior. Tinha uma velha chama romântico, mas apagou-se; estava a trabalhar em quatro empregos diferentes, mas não ganha muito dinheiro; e não tinha muitos amigos à minha volta. Estive fora de casa durante catorze anos, a mudar-me entre várias cidades com muita frequência. Estava cansado, chateado e deprimido. Era tempo de voltar a casa para a família em St. Louis, Missouri, e recomeçar. Demorou alguns anos, mas agora tenho uma grande banda, amor e um novo álbum bastante engraçado, intitulado “Sorry To Disappoint Ya”, para mostrar por aí – também produzido pelo Joel Wanasek. Já estou a gravar novos temas e acredito em mim próprio como nunca antes. Quem me dera poder lançar nova música todos os anos como Devin Towsend!


M.I. - Vêem-se mais maduros agora, assim como ao novo álbum, do que antes?

Não mesmo! De facto, estamos menos maduros [risos]. Mas trabalhámos duramente na música. Todos temos um tema favorito diferente no álbum, o que é algo bom.


M.I. - Vêem-se como uma banda revivalista do hard rock?

Ouço heavy metal desde os quatros anos. Adoro! É divertido, street-smart, palerma, duro, sórdido e tem um som gigante. Quase sempre quando componho uma música, soa-me aos anos 1980. Para mim é natural. Não estou a tentar trazer nada de volta, isto é apenas o que eu sou. A coisa mais importante para mim é escrever grandes músicas dentro do meu estilo e executá-las brilhantemente. Espero que o som dos 1980 volte, porque é fantástico!


M.I. - Apontaria o tema “In Your Wildest Dreams” e os solos de guitarra como os altos do álbum. Concordas? Que outros highlights apontas?

O tema “In Your Wildest Dreams” é engraçado, porque, tudo combinado, soa ao rock dos anos 1950s, 1980s e 1990s. Lembro-me de como era ser um adolescente inocente com a primeira paixoneta e escrevi a música como todas as minhas defesas em baixo. Todas as emoções neste álbum são puras e honestas – o que quer que seja que esteja a sentir. Eu gosto da música “Your Worst Nightmare”, porque trabalhei fortemente nas guitarras desse tema. “I Don’t Answer To You” é a música mais importante do disco, porque é sobre viveres por ti mesmo e não deixar que ninguém te trave. Não preenchamos a vida com desculpas e arrependimentos.


M.I. - A capa do álbum, assim como a faixa “Sociopath”, é muito punk. Quiseste quebrar algumas regras dentro da cena heavy metal e hard rock?

Que regras? [risos] A grande cena da música é que consegues aquilo que quiseres. Ao início é difícil, porque não sabes por onde começar. Por isso, arrancas com regras – com coisas que sempre soaram bem. É porreiro durante um tempo, mas depois as regras surgem no caminho. Citando Kik Tracee: “Não preciso de regras!” [risos] Toco rock’n’roll. É praticamente heavy metal, mas também há algum punk, rockabilly, bluegrass, glam, speed, thrash, power metal e blues – tudo mandado lá para dentro. Uma vez passei dezanove meses em Hollywood a praticar durante 8-9 horas por dia e trabalhei com músicos maravilhosos em todos esses estilos - Ken Steiger, Dan Gilbert, Jennifer Batten, Keith Wyatt, Carl Verheyen e George Lynch, este último por duas vezes. Ouço música muito variada, leio vários autores e vejo muita má televisão. Tudo me ajuda a ser mais criativo e é complicado pôr toda a nossa música numa só categoria.


M.I. - Na folha promocional parece que és muito crítico da indústria musical dos nossos dias. Gostarias de partilhas connosco esses teus pensamentos?

Talvez eu sinta que as pessoas se regem demais pelas regras. Uma banda categoriza-se a si própria e depois é só aquilo que eles vão tocar. Fãs de um único estilo acabam por ficar muito irritados se uma banda muda a sua direcção musical. As pessoas estão revoltadas com Opeth, porque o Mikael Akerfeldt está a introduzir cada vez menos death metal na sua música. Eu penso até que o novo som deles está muito bom, porque ele está a seguir o coração. É mais fácil escrever música quando se está a fazer aquilo de que se gosta. Algumas pessoas querem que os Sonata Arctica continuem a soar como o primeiro álbum, mas eu adoro-os sempre que mudam. Judas Priest, David Bowie, Alice Cooper – todos eles tentaram novas ideias (e por vezes falharam). O negócio da música é difícil. Podes até fazer tudo bem e no fim não conseguires nada. Também é preciso sorte! Há muitas formas mais fáceis de se enriquecer do que se ser artista. Enquanto te falo está a passar na TV um holograma em 3D de Anime e a tocar techno com uma banda verdadeira. Acho que se quisesse ficar rico podia fazer aquilo… Exceptuando que acho aquilo uma total porcaria e preferia matar-me! [risos]


M.I. - E há planos para tocar pelos Estados Unidos?

Planeamos dar concertos na nossa região durante o outono e o inverno, e depois tocar em festivais pelos EUA quando o tempo aquecer. Adorávamos fazer uma digressão pelo mundo inteiro se e quando tivermos essa hipótese. Nada de se parar! Os EUA são enormes e sinto que estão a dar tudo para prevalecerem.


M.I. - Como achas que podes fazer a diferença dentro da música?

A minha banda favorita é Judas Priest. Passei por momentos difíceis no crescimento. A música deles fez-me sentir como se não estivesse sozinho, que outras pessoas estavam a passar pelo mesmo e se eu conseguisse continuar tudo ficaria bem. A nossa banda também quer ajudar outras pessoas.


Entrevista por Diogo Ferreira